RESUMOS | EDIÇÃO 2017
AMÂNDIO REIS
(CEC-Univ.Lisboa) | [email protected] Doutorando de 3.º ano em Estudos Comparatistas Se eu conhecer quanto se pode saber: ficção breve e conhecimento no fim do séc. XIX Esta apresentação parte de um projecto de doutoramento no qual proponho analisar, a partir de uma perspectiva comparatista, um corpus variado, necessariamente selectivo, de narrativas breves escritas e publicadas nas duas últimas décadas do século XIX por Machado de Assis, Henry James e Guy de Maupassant. O contexto internacional e multilingue em que este estudo se insere, bem como a coesão, não obstante diferenças indeléveis às quais será também necessário atentar, entre projectos literários distintos que, nesta época, se desenvolveram de ambos os lados do Atlântico (entre o Brasil, Inglaterra e França), solicita um olhar que, por um lado, problematize a noção de literatura nacional, e, por outro lado, inclua, mas também ultrapasse, a “influência” enquanto categoria central da teorização literária. Assim, a minha tese assenta na ideia de que, reconsiderando a história da narrativa breve no Ocidente, não apenas contextualmente, mas também à luz das mais recentes perspectivas no campo da genologia literária, assistimos no Fim de Século a uma consolidação do conto como género que, transpondo limites culturais e linguísticos, se associa fundamentalmente à ideia de modernidade literária, e, ainda – com particular relevância neste estudo –, como forma proto-filosófica que, por um conjunto de razões que me caberá explorar, se mostra especialmente adequada ao desenvolvimento de problemas e indagações relacionados com as possibilidades do conhecimento, quer do texto literário, quer do mundo. Nota biográfica: Amândio Reis é Bolseiro de Doutoramento FCT e aluno no Programa Internacional de Doutoramento em Estudos Comparatistas – PHDCOMP, onde desenvolve um projecto de investigação centrado no conceito de conhecimento na narrativa breve do fim do século XIX. É também investigador do Centro de Estudos Comparatistas (Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa), onde trabalha no âmbito do projecto RIAL – Realidade e Imaginação nas Artes e na Literatura, e do projecto Literatura-Mundo Comparada. Co-editou a revista Falso Movimento e publicou O Livro Encenado: Escrita e Representação na obra de Ana Teresa Pereira (Lisboa: Colibri, 2015). ANA CLÁUDIA BOAVIDA SALGUEIRO DA SILVA
(CEL-Univ.Évora) | [email protected] Doutorada em Literatura Júlio Dinis e Jane Austen na ficção de Oitocentos: o romance matrimonial Esta comunicação visa apresentar o estudo elaborado para a tese de doutoramento, cuja temática se centrou na análise do casamento nos romances de Júlio Dinis (1839-1871), os quais, representando o paradigma do amor verdadeiro, consubstanciado na união conjugal, integram o subgénero literário “romance matrimonial”. Para tal, contribuiu a influência da obra romanesca de Jane Austen (1775‑1817), representativa dos valores vigentes na Inglaterra em finais do século XVIII e na primeira metade do século XIX. Reproduzindo o quotidiano, os modos e os costumes da época, os romances destes autores expressam as relações pessoais e sociais, os significados e os valores das sociedades coevas, representando o caráter e o padrão sociocultural dos respetivos países, durante o período da Regência (1811-1820) e da Regeneração (1851-1868). Sobressaem, por conseguinte, nestas obras, os valores concernentes ao amor, ao casamento e à família, enfatizando-se o matrimónio como símbolo de felicidade individual e como conceção de vida coletiva, de que se destaca a vertente centrada na valorização do indivíduo e na vivência das suas experiências e dos seus sentimentos e em que o eixo narrativo surge como esquema paradigmático de originalidade e de estética literária. Nota biográfica: Ana Cláudia Salgueiro da Silva é doutorada em Literatura pela Universidade de Évora e licenciada em Ensino de Português / Francês pela Escola Superior de Educação de Portalegre. Tem desenvolvido trabalho de investigação na área da Literatura, sendo autora de comunicações e artigos, publicados em revistas científicas. É membro colaborador do Centro de Estudos em Letras da Universidade de Évora (CEL-UÉ) e tem participado em colóquios, jornadas, conferências e congressos. ANA PAULA DA SILVA SOUZA
(Univ.Évora) | [email protected] Mestranda de 2.º ano em Literatura (esp. Literatura Comparada) Um cantinho, um violão: a bossa nova, o fado e a representação poética da cidade Propõe-se, numa abordagem comparativa entre a poesia do Fado e a da Bossa Nova, enfocando o período de 1958-1967 e os aspectos culturais de Lisboa e do Rio de Janeiro, desenvolver as aproximações e dissemelhanças entre poemas (letras) de ambos os movimentos musicais. Procurar-se-á implementar a análise em torno do tema comum da “saudade” catalizador do motivo clássico da anábase do eu-poeta. Utilizando-se de uma vasta bibliografia, estudo de campo no Museu do Fado e entrevistas com fadistas e músicos brasileiros, este trabalho reúnirá um conteúdo comparativista pouco explorado até ao momento e de grande substrato cultural. Nota biográfica: Ana Paula da Silva Souza, 37 anos, brasileira, Licenciada em Letras - Português/Literatura (USS), Pós-graduada em Língua Portuguesa (UNICID), Graduada em Direito (FAA) com especialização em Direito Público Contemporâneo (UFJF) e Mestranda em Literatura pela Escola de Ciências Sociais, Departamento de Linguística e Literaturas da Universidade de Évora. Carreira profissional como docente em uma das unidades educacionais do Governo do Estado do Rio de Janeiro desde 2009. Em 2013 iniciou carreira jurídica em escritório próprio, engendrando dois anos depois no projeto em busca de qualificação internacional. ANDRÉIA MÁRCIA DE CASTRO GALVÃO
(ILCH-Univ.Minho) | [email protected] Doutoranda de 2.º ano em Modernidades Comparadas: Literaturas, Artes e Culturas A génese discursiva e midiática de um ‘Eça de Queiroz brasileiro’: luso-brasilidade e modernismo (1878-1922) Eça de Queiroz destaca-se como um dos mediadores das históricas e complexas relações luso-brasileiras, nomeadamente nos campos literário e cultural. No Brasil, por exemplo, os atributos literários e jornalísticos de Eça exerceram grande fascínio em muitos de seus contemporâneos, que o viam como um modelo de intelectual a ser seguido. Nesse sentido, a apropriação e ressignificação das obras, dos personagens e do próprio estilo de Eça de Queiroz feita por cronistas, caricaturistas e literatos brasileiros da época assinalam sua grande aceitação no país e contribuem para a reinvindicação, por parte de seus admiradores, de um Eça como 'personalidade nacional'. Esta contextualização significa a investigação em duas frentes: 1- as estratégias de construção do romancista, jornalista e intelectual/modelo, empreendidas por Eça in vita (1878-1900); 2- a análise da vida cultural dos círculos de 'leitores' luso-brasileiros de Eça de Queiroz, consumidores e propagadores do discurso 'Eça brasileiro', in vita e post mortem do autor (1878-1922). A proposta constitui numa reavaliação da construção da memória de Eça de Queiroz na vida cultural e literária brasileira que revele a amplitude e diversidade de modos de leitura e apropriações desse autor pelos círculos de intelectuais luso-brasileiros como fenômeno coletivo. Nota biográfica: Andréia Márcia de Castro Galvão é licenciada em História pela Universidade Estadual de Goiás (Brasil) e mestra em Ciências Sociais e Humanidades, com foco em Territórios e Expressões Culturais no Cerrado, pela mesma instituição. Atualmente é doutoranda do Programa Doutoral em Modernidades Comparadas: Literaturas, Artes e Culturas pela Universidade do Minho, sob orientação dos Profs. Drs. Orlando Grossegesse (Universidade do Minho) e Miguel Sanches Neto (Universidade Estadual de Ponta Grossa, Paraná - Brasil) BERNARDO FERREIRA
(Univ.Lisboa) | [email protected] Mestrando de 2.º ano em Estudos Comparatistas A lista e o catálogo como formas privilegiadas da memória em Austerlitz e Talvez Esther Austerlitz, de W. G. Sebald, e Talvez Esther, de Katja Petrowskaja, são dois romances cujo tema central - a busca e construção de uma identidade e história simultaneamente pessoal e transnacional - se relaciona intimamente com a memória no centro de uma disputa entre dois modos de percepção: a narrativa e a lista. Fazendo uso extensivo da lista como instrumento de acesso a uma realidade que resiste à narrativização, posicionam-se como herdeiras de uma longa tradição literária. Usando estas duas obras como casos de estudo, este trabalho tem como objectivo questionar a relação frequentemente assumida entre memória, identidade e narrativa através da relação complexa entre a lista ou catálogo e o infinito, a desordem e a intemporalidade. Passando pela obra de Martin Buber e Umberto Eco, Austerlitz e Talvez Esther são analisados sob esta perspectiva e contrapostos a uma concepção moderna de identidade e memória que cada vez mais se afasta da narrativa em direcção à transculturalidade, da distância irredutível à proximidade entre o eu e o outro. Nota biográfica: Nasci a 6 de Maio de 1992 e vivo actualmente em Lisboa onde também estudo, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Encontro-me neste momento a finalizar o primeiro ano de mestrado de Estudos Comparatistas. Licenciei-me em Cinema (ramo Argumento) na Escola Superior de Teatro e Cinema em 2013 e, até ingressar no mestrado, trabalhei em produção de vídeo numa produtora independente. CHRISTINE KATH
(CEC-Univ.Lisboa) | [email protected] Mestranda de 2.º ano em Estudos Comparatistas As cidades de Ricardo Piglia, César Aira e Mario Levrero. Três romances contemporâneos postos em relação com a teoria de pós-autonomia literária de Josefina Ludmer O meu actual trabalho de investigação concentra-se na análise da obra de Josefina Ludmer, que tem por titulo: Aquí América Latina - Una especulación e se enquadra na crítica literária argentina. Nesta obra, publicada em 2010, a autora avalia a narrativa latino-americana do presente baseando-se num corpus muito vasto que para além dum grande número de romances, toma em consideração obras de teatro e séries de televisão para os quais sugere vários instrumentos analíticos novos, a utilidade dos quais procurarei demonstrar com uma mostra de três romances. Para Ludmer, está em perigo a autonomia da literatura, e, assim, a sua constituição moderna. Contudo, lendo atentamente a sua obra, podemos constatar que as questões centrais vão para além da pergunta dos limites da literatura, problematizam-se ali diferentes maneiras de ler ou escrever no presente, especialmente em relação aos novos espaços e tempos que se formam na época de transformação social e crescente globalização e sob uma perspectiva que renuncia à distinção entre ficção e realidade, cultura e economia. Nota biográfica: Depois de obter a Licenciatura em Sociologia em Augsburgo, Alemanha, Christine Kath veio para em Lisboa, Portugal, onde reside desde 2014. Actualmente está cursando o Mestrado em Estudos Comparatistas na Universidade de Lisboa, que se conclui com a entrega do trabalho final no Outono de 2017. A decisão sobre o seguinte passo na carreira académica ainda está aberta. Os seus interesses envolvem a Literatura contemporânea e os Estudos culturais e sociológicos, em especial em perspectiva comparatista e com foco na região do Rio da Prata e nas suas relações transatlânticas. DANIEL FLOQUET
(ILC/CETAPS/Univ.Porto) | [email protected] Doutorando de 2º ano em Estudos Literários, Culturais e Interartísticos O Sangue Puxa o Sangue: Representações da Violência em Maria Velho da Costa e Edna O’Brien Esta comunicação será dedicada à apresentação de minha pesquisa de doutoramento, cujo objetivo principal é o estudo comparativo das diferentes formas de representação da violência na obra das escritoras Maria Velho Costa e Edna O´Brien, utilizando uma seleção de seus romances como corpus. Com efeito, as duas autoras, ao longo de seu percurso literário, exploraram esse tema sob diferentes prismas, construindo personagens que ora surgem como vítimas da violência, ora como seus agentes. Trata-se de pesquisa já em desenvolvimento, que, em seu atual estágio, identificou três eixos recorrentes, que atuarão como organizadores da análise proposta: a violência na esfera familiar, a violência associada ao quadro religioso e a violência na esfera social. Por meio dos romances selecionados, procurar-se-á entender as particularidades de cada um desses eixos, bem como a relevância que assumem no quadro geral de preocupações temáticas das autoras em análise. Entre as principais ferramentas teóricas utilizadas ao longo da pesquisa, encontram-se os trabalhos do pesquisador António Ribeiro (violência e Literatura; violência e representação), dos filósofos Slavoj Žižek (violência e linguagem), René Girard (violência e religião), Hannah Arendt (violência e Estado), George Bataille (violência e erotismo) e do sociólogo Boaventura Santos (globalização e violência). Nota biográfica: Daniel Floquet é licenciado em Letras-Literatura pela Universidade Federal do Ceará e mestre em Estudos Literários, Culturais e Interartes pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Atualmente, prepara a tese de doutoramento sobre as representações da violência nas obras de Maria Velho da Costa e Edna O’Brien, também na FLUP. Possui experiência no magistério como professor de Língua Portuguesa, assumindo as disciplinas de Literatura, Redação, Gramática e Interpretação de Texto. DANIELA SPINA
(CEC-Univ.Lisboa) | [email protected] Doutoranda de 3.º ano em Estudos Comparatistas Comparando literaturas, comparando histórias: a história literária de Goa no âmbito dos estudos das literaturas de língua portuguesa Na chamada «crise» da história literária que atravessa todo o século XX, as propostas para uma história comparada das literaturas (COUTINHO, 2000; KUSHNER, 1993; VALDÉS, 2002) apresentam-se como alternativas ao modelo narrativo-teleológico de história literária. A necessidade de sistematizar as literaturas emergentes (LOURIDO, 2015), ou a necessidade de reescrever a história de sistemas literários já consolidados (BUESCU&TAMEN, 1999; HOLLIER, 1998), levou a que a possibilidade de novos paradigmas de história literária fosse tida em consideração. Isso fez com que, por um lado, a disciplina em questão fosse revitalizada depois de décadas de questionamento epistemológico e, por outro, se tomasse consciência da dificuldade de pensar a história literária fora do esquema da determinação teleológica (HUTCHEON, 2002). O que acontece com a história da literatura de Goa em português? É apropriado achar novas formas de historiá-la, olhando para as histórias dos sistemas literários de língua portuguesa? Quais são as vantagens e as desvantagens de uma perspetiva comparatista que faz da relação entre a literatura e a língua um vínculo unívoco e imprescindível? Estas são apenas algumas das perguntas às quais estou a tentar responder com o meu trabalho de tese, pensando que as suas respostas me levarão à resposta de uma única pergunta desafiante: onde situar, enfim, a literatura indo-portuguesa? Nota biográfica: Daniela Spina é doutoranda do programa em Estudos Comparatistas do CEC, onde desenvolve uma investigação sobre a história literária de Goa no âmbito dos estudos das literaturas de língua portuguesa, ao abrigo da Universidade de Lisboa (bolsa de apoio a doutoramento 2016-2017) e da FCT (bolsa de doutoramento a partir do ano académico 2017-2018). Formou-se entre Itália e Brasil (Università di Bologna e Universidade Federal de Minas Gerais) e é mestre em Literaturas Modernas, Comparadas e Pós-coloniais pela Università di Bologna (2014). Atualmente integra a equipa do projeto de investigação “ORION – Orientalismo Português” do CEC. DINAMEIRE OLIVEIRA CARNEIRO RIOS
(ILCML-Univ.Porto/Univ.Federal da Bahía) | [email protected] Doutoranda de 3.º ano em Literatura e Cultura A mulher na história: representações femininas em romances históricos contemporâneos Proponho neste trabalho apresentar aspectos gerais da pesquisa intitulada Vozes dissonantes: a representação da mulher no novo romance histórico, que desenvolvo enquanto estudante do Doutorado em Literatura e Cultura do Programa de Pós-Graduação em Literatura e Cultura da Universidade Federal da Bahia e, atualmente, como estudante de Mobilidade acadêmica na Universidade do Porto. O conceito de novo romance histórico compreende narrativas que têm o objetivo de reescrever os fatos históricos através do discurso ficcional, visando desconstruir ou retificar a versão da história oficial por meio de mecanismos discursivos como a paródia e o pastiche. A partir desses romances, vozes outrora silenciadas por versões historiográficas oficiais passam a se inscrever na história como parte ativa e significante dela, num processo de revisão em que eventos históricos começam a ser relidos e reordenados dentro de padrões despidos de convenções arcaicas e segregacionistas. É sobre estes personagens que o romance histórico produzido a partir da segunda metade do século XX passa a se centrar. Assim, utilizando como referência os romances Desmundo (1996), da escritora brasileira Ana Miranda, e A árvore das palavras (1997), da portuguesa Teolinda Gersão, analiso a representação feminina conforme foi construída nessas narrativas, problematizando-a a partir de um olhar analítico-comparativo. Nota biográfica: Dinameire Oliveira Carneiro Rios é Graduada em Letras Vernáculas, Especialista em Estudos Literários e Mestra em Literatura e Diversidade Cultural pela Universidade Estadual de Feira de Santana (Bahia-Brasil). Faz Doutorado em Literatura e Cultura, na Universidade Federal da Bahia, onde desenvolve pesquisa relacionada a romances históricos produzidos por mulheres. Atualmente realiza Doutorado Sanduíche no Instituto de Literatura Comparada, da Universidade do Porto. Tem artigos publicados nas áreas de Literatura e Cinema em revistas brasileiras e portuguesas. EUNICE NEVES
(Univ.Porto) | [email protected] Doutoranda de 2.º ano em Estudos Literários, Culturais e Interartísticos Coração, Cabeça e Estômago de Camilo Castelo Branco: uma Retórica do Gosto Recentemente, a área dos Estudos sobre Alimentação/ Food Studies tem vindo a entrecruzar-se com a área dos Estudos Comparatísticos, nomeadamente na Literatura Comparada. Ambas têm vindo a contestar uma teorização da Estética, e da Literatura em particular, que se limite a ver na arte a exaltação de uma função poética e descure a ligação intertextual e interdiscursiva com outros tipos de discurso: o filosófico, o sociológico, o histórico, o retórico. Foi nestas áreas, entre a Literatura Comparada e os Estudos sobre Alimentação, que se centrou a minha tese sobre uma obra descurada e muito pouco estudada de Camilo Castelo Branco: Coração, Cabeça e Estômago. O meu trabalho procura explicar o quanto o autor visava uma interpretação que comparasse saberes e sabores, levando os leitores a consciencializar uma tópica dos argumentos sobre conceitos, géneros e períodos literários que tem o seu ponto de partida numa vivência quotidiana: o que as personagens comem diz o que literariamente são e querem ser. Nota biográfica: Eunice Neves, Professora Profissionalizada do Quadro de Nomeação Definitiva da Zona Pedagógica do Porto, com Licenciatura e Mestrado em Estudos Literários, Culturais e Interartes (FLUP). É atualmente Doutoranda do Curso de 3.o Ciclo em Estudos Literários, Culturais e Interartísticos, igualmente na Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Colaboradora regular do Mundiario, Primer periódico global de análisis y opinión (online) e do jornal Galicia Ártabra Digital (online), é Diretora Cultural da Revista The Values Club (online). Tem no seu currículo variadas iniciativas na área do Ensino da Língua Portuguesa e Cidadania em contexto escolar. FERNANDA MOURA PINTO
(IF-Univ.Porto) | [email protected] Mestre em Filosofia (esp. Ética e Filosofia Política) O mal e a natureza humana em Hannah Arendt e José Saramago: um diálogo necessário entre Literatura e Filosofia O presente trabalho consiste numa reflexão sobre o mal e a natureza humana centrada na obra de Hannah Arendt, sobretudo em Eichmann em Jerusalém, uma reportagem sobre a banalidade do mal e A Condição Humana, e de José Saramago, particularmente em Ensaio sobre a Cegueira. O que nos move é encontrar pistas para a elucidação de algumas das questões mais persistentes da existência humana, as quais têm inquietado filósofos, cientistas, artistas ao longo dos tempos. O que é o homem? Estará o ser humano condenado a ser mau? O que é o mal e qual a sua origem? Sabendo que não é possível resolvê-las cabalmente e com o desígnio de entrecruzar Filosofia e Literatura, duas dimensões do saber distintas e, todavia, tão próximas, selecionámos dois autores contemporâneos que procuraram dar resposta a tais inquietações e cujas propostas tão bem dialogam. Embora tenham partido de contextos de vida muito próprios e recorrido a ferramentas intelectuais diversas, Arendt e Saramago procuraram igualmente compreender as condições que propiciam a produção de atos moralmente censuráveis, defendendo um e outro que o mal ocorre, não por uma natureza humana malévola e necessária, mas porque o homem se esquece de si, da sua racionalidade e liberdade. Nota biográfica: Fernanda Moura Pinto é investigadora do grupo de investigação “Raízes e Horizontes da Filosofia e Cultura Portuguesas”, do Instituto de Filosofia da Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Na mesma Faculdade, concluiu em 2016 o mestrado em Filosofia, licenciou-se em Filosofia e em Línguas, Literaturas e Culturas. Ao longo dos últimos anos, tem trabalhado como docente em diferentes instituições e integrou, como membro-estudante, Comissões de Avaliação Externa da A3ES na área da Cultura, Línguas e Literaturas Estrangeiras. FRANCESCA PASCIOLLA
(CEC-Univ.Lisboa/Univ.Ca’ Foscari di Venezia) | [email protected] Doutoranda de 3.º ano em Literaturas Comparadas To be discontinued… Os estudos pessoanos podem ter tratado – e com êxito – a fragmentação... as fragmentações. O fragmentário é apenas uma subcategoria, e muitas vezes uma máscara, da negligenciada archi-écriture do descontínuo. Na minha meditação, sugerirei – d’après Stéphane Mallarmé – que o espaço (em branco mas nunca vazio) determina quer a escrita, quer as consequentes leituras (sempre plurais) do texto. Pessoa, ou melhor, os seus textos, serão estudados como sendo não emblemáticos, mas sintomáticos do écrit enquanto scriptible. Solicitando aos leitores que participem ativamente na construção do sentido, o Livro do Desassossego oferece aos seus fruidores uma infinidade de possibilidades interpretativas. Nem diálogo, nem monólogo, o Livro é a possibilidade de um diálogo à distância entre um escritor (que é “The king of the gaps”) e um leitor capaz de compreender o que Walter Benjamin definiu como sendo o ponto nebuloso de um texto, ou seja, aquela passagem onde o incompreensível irrompe através da suspensão brutal do enunciado. Através do Livro do Desassossego, Pessoa constrange o seu público a procurar alhures uma coerência artística, a aventurar-se debaixo da superfície, a interromper o simples fluxo da perceção horizontal por meio de um forte desvio em mais níveis, também verticalmente. Esperem [ ] e verão... Nota biográfica: Francesca Pasciolla é doutoranda em Literaturas Comparadas na Università Ca’ Foscari de Veneza e investigadora visitante do Centro de Estudos Comparatistas de Lisboa. É Mestre em Literaturas Modernas, Comparadas e Pós-coloniais pela Università di Bologna, tendo estudado um ano na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Em 2012, licenciou-se em Línguas e Literaturas Estrangeiras pela Università di Bologna com uma dissertação sobre a relação entre artes figurativas e poesia na Geração de Orpheu. É autora da monografia Walt Whitman in Fernando Pessoa (Critical, Cultural and Communications Press, 2016). Atualmente, investiga os processos de descontinuidade no Livro do Desassossego de Fernando Pessoa. HÉLDER MENDES BAIÃO
(ILCML-Univ.Porto) | [email protected] Pós-doutorando em História Cultural do Século XVIII “Un pays sans Lumières.” A Inquisição portuguesa vista de França no séc. XVIII A lenda da história trágica de Portugal que desenvolve o historiador Paul Hazard num artigo da Revue de littérature comparée intitulado “Esquice d’une histoire tragique du Portugal” aparece em França a partir dos princípios do século XVIII com os primeiros textos “filosóficos” como Suite du Voyage de l’Amérique, ou, Dialogues de monsieur le baron Lahontan et d’un sauvage do Barão de Lahontan ou Histoires des révolutions de Portugal de Vertot. A imagem de um país no qual o pensamento e as pessoas estão controlados pela sinistra inquisição vai se alastrar através das páginas das mais conhecidas figuras das Luzes francesas de Montesquieu a Voltaire, incluindo por exemplo o artigo “Moine” da Encyclopédie de Diderot e de Alembert onde a presença de monges é considerada desastrosa para a economia e a sociedade. A apresentação que proponho considera interrogar a elaboração e a difusão ao longo do século 18 dessa imagem de uma sociedade portuguesa dominada pela inquisição e a Igreja católica. Tentarei compreender as variações deste mito das Luzes francesas e apresentar a sua reconsideração parcial no inicio do século XIX no Essai statistique sur le royaume de Portugal et d’Algarve d’Adrien Balbi. Mas igualmente questionar esta imagem à luz dos textos dos contemporâneos portugueses que se interrogaram sobre a evolução do país, como Manuel Gomes de Lima Bezerra na ficção Os estrangeiros no Lima. A minha apresentação será um capítulo de uma reflexão mais vasta sobre a imagem de Portugal nas letras francesas do século XVIII. Nota biográfica: Hélder Mendes Baião graduou na Universidade de Lausanne (Suíça) com um trabalho de tese intitulado Rêves de citoyens. Mythes et utopies dans les pays romands au temps des Lumières (2015), projeto dedicado à reflexão utópica nos romances suíços francófonos do século XVIII. Durante o ano académico 2015-2016, Hélder Mendes Baião trabalhou como Research Fellow na Universidade de Durham, em colaboração com o Doutor Thomas Wynn, na edição de um volume das obras completas de Voltaire editadas pela Voltaire Foundation. Desde Fevereiro 2017, Hélder Mendes Baião está a desenvolver na Universidade do Porto, em colaboração com a Professora Maria Luísa Malato Borralho, um projeto de pós-doutoramento centrado na imagem de Portugal nas letras francesas do século XVIII. INÊS CARDOSO
(ILCML-Univ.Porto) | [email protected] Mestre em Estudos Literários, Culturais e Interartísticos "às vezes julgo-me na iminência de ver o horror": pensar a Europa em os 3 farros. descida aos infermos. de António Aragão e Alberto Pimenta Pensar o caráter inovador e contestatário da correspondência presente em Os 3 Farros. Descida aos Infermos pressupõe o entendimento da dimensão satírica e contestatária que atravessa, de um modo integral, as obras de Alberto Pimenta e António Aragão. Com efeito, várias são as publicações nas quais, individualmente, ambos os poetas expressaram perspetivas disfóricas acerca de um país e de um mundo submergidos pelos avanços das políticas neoliberais. Assim, coadunando-se com as linhas de investigação propostas pelo Grupo de Intermedialidades do Instituto de Literatura Comparada Margarida Losa, esta comunicação propõe-se a explorar um aspeto que se afigura como uma possível extensão da minha dissertação de mestrado: o questionamento das ideias de Europa numa obra de cariz coletivo e cuja textualidade se revela profundamente criativa. Dotadas de um humor cáustico, as cartas redigidas entre 1982 e 1983 espelham não apenas uma visão desencantada da sociedade portuguesa da época, como descortinam a ansiedade provocada pela intervenção do FMI e por uma possível adesão do país à CEE. De pendor reflexivo e ensaístico, o projeto conjunto de Pimenta e Aragão apresenta-se como uma crítica irreverente que, ao espelhar um país pautado pela incerteza, antecipa preocupações futuras e, na realidade, inquietantemente atuais. Nota biográfica: Inês Cardoso (Vila Nova de Gaia, 1993) é licenciada em Línguas, Literaturas e Culturas pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Concluiu, na mesma instituição, o Mestrado em Estudos Literários, Culturais e Interartes (Ramo de Estudos Comparatistas e Relações Interculturais), com a dissertação intitulada O futuro já mostra que ontem foi há muito tempo: A resistência à globalização em Alberto Pimenta. Integra o Instituto de Literatura Comparada Margarida Losa como investigadora em formação. IVANA SCHNEIDER
(Univ.Porto) | [email protected] Doutoranda de 2º ano em Estudos Literários, Culturais e Interartísticos Abrindo o espaço em círculo fechado: a diluição das margens nas obras de Guimarães Rosa e Maria Velho da Costa A proposta desta pesquisa é elaborar um estudo comparativo inédito entre a escritora portuguesa Maria Velho da Costa e o escritor brasileiro João Guimarães Rosa, sob uma perspectiva que privilegiará as variadas manifestações experimentais e inovações estilísticas no que diz respeito à estrutura do livro, da narrativa e da própria linguagem. A produção literária desses autores aponta para uma organização que se nega ao enquadramento estabilizado de gênero textual e literário e problematiza as noções de fronteira, margem e zonas balizadoras de espaços sociais e artísticos. Pretende-se compreender de que forma as estratégias estilísticas dos escritores selecionados geram composições híbridas, porosas e com forte tendência ao prolongamento nas mais variadas camadas do texto e identificar de que maneira essas escolhas estilísticas exprimem uma reflexão sobre o próprio conteúdo temático. Para tanto, utilizaremos como corpus uma seleção de seis obras: Maina Mendes (1969), Casas Pardas (1977) e Dores (1994); e Corpo de Baile (1956), Grande Sertão: Veredas (1956) e Primeiras Estórias (1962). O desenvolvimento deste trabalho incluirá também referências a outras obras quando julgarmos necessário. Trata-se de uma abordagem comparatista que busca alargar o panorama dos estudos críticos de ambos escritores, tornando este projeto pertinente para futuros estudos sobre o tópico. Nota biográfica: Ivana Schneider, brasileira, nascida em Belém do Pará, possui graduação em Letras pela Universidade da Amazônia (2006); concluiu o curso de especialização em Língua Portuguesa: uma abordagem textual pela Universidade Federal do Pará em 2009; e em 2016, terminou o Mestrado em Estudos Comparatistas na FLUL com a dissertação O espaço poético sertanejo e as figuras performáticas em Corpo de Baile de Guimarães Rosa; atualmente está no programa de Doutoramento em Estudos Literários, Culturais e Interartísticos na FLUP, escrevendo a tese intitulada Abrindo o espaço em círculo fechado: a diluição das margens nas obras de Guimarães Rosa e Maria Velho da Costa. JÚLIA MENDES PEREIRA
(Univ.Lisboa) | [email protected] Mestranda em Estudos Portugueses e Brasileiros Estive em Lisboa e lembrei de você – narrativa desdobrada: leitura e visualização, literatura e cinema Partindo da proposta de Luiz Ruffato para «ao invés de levantarmos a bandeira da lusofonia, [passarmos] a falar em galeguia» (Ruffato, 2007), exploramos as possibilidades interpretativas levantadas pelo conjunto composto pela novela Estive em Lisboa e lembrei de você (2009), do mesmo autor, e a sua adaptação fílmica com o mesmo título (2015), dirigida por José Barahona. Possíveis informantes desse conceito de «galeguia», e das possibilidades estéticas que o mesmo abre, ambas as obras ensaiam as multiplicidades da linguagem sob a égide da língua comum – quer no plano formal, recorrendo a discursos próprios do jornalismo e do documental, quer no plano temático constituído pelo enredo onde as relações entre Brasil e Portugal são retratadas no contexto das migrações. Procurando ir além, mas sem ignorar as teorias da adaptação cinematográfica das narrativas literárias, exploramos as possibilidades criadas quer pela linguagem literária, quer pela fílmica para figurar as mesmas intenções de questionamento dos limites entre a “realidade” e a “ficção”, enunciadoras de uma contenção artística que não é alheia às condições, ou condicionantes, da criação: as possibilidades de afirmação de uma novela produzida “por encomenda” de estratégia editorial (no caso literário) ou os desafios de coêrencia e consistência de uma co-produção de baixo orçamento (no caso fílmico), são pontos de partida para refletir a “galeguia” enquanto possibilitadora de uma nova estética de carácter transnacional. Nota biográfica: Júlia Mendes Pereira é licenciada em Estudos Portugueses (FL-ULisboa, 2014) e mestranda em Estudos Brasileiros (FL/ICS-ULisboa). É co-fundadora e dirigente da organização não-governamental Ação Pela Identidade – API, onde co-coordena o projeto Promover os Direitos Humanos das Pessoas Trans e Intersexo. LÍGIA BERNARDINO
(Univ.Porto) | [email protected] Doutorada em Estudos Românicos (esp. Literatura Portuguesa) O Pós-humanismo como releitura do homem O pós-humanismo é um ramo recente dos estudos culturais que surgiu pela constatação das dificuldades inerentes à definição estrita do homem contemporâneo. Da sua relação com o ambiente, à invasão do seu corpo por elementos artificiais, há um novo universo humano que literatura e outras criações artísticas têm vindo a abordar e que exigem novas abordagens exegéticas. Tenho constatado a convergência da minha investigação para o âmbito destas temáticas, pelo que me proponho a refletir sobre o modo como a criação artística perceciona este novo homem. Usando sobretudo escritores portugueses, nos ensaios que publico, convoco também autores de outras proveniências, de outras áreas, mas que têm em comum abordarem o homem na sua relação com o ambiente (abordagem ecocrítica), em sociedade, ou enquanto ser histórico, constantemente reconstruído a partir da memória, ou enfrentando a sua perda. Há um amplo universo que extravaza o domínio da literatura para interpretar o homem saído da revolução industrial e, posteriormente, da revolução digital. Entre a ficção especulativa (Margaret Atwood) e as possibilidades híbridas, o pós-humanismo permite perspetivar o homem do século XXI enquanto ponto de confluências tão eufórico quanto ameaçador. Nota biográfica: Defendi a minha tese de doutoramento em 2014, sob o título Limiares do Humano: Estudo sobre Jorge de Sena, Maria Gabriela Llansol e Gonçalo M. Tavares. Através destes escritores, explorei as fronteiras humanas no que concerne, respetivamente, o divino, o animal, a máquina. Para além de desenvolver ensaios dentro destas temáticas, e enquanto investigadora independente, colaboro com o Instituto de Literaturas Comparadas Margarida Losa, da Faculdade de Letras da Universidade do Porto. MAFALDA BARBOSA
(Indep./Univ.Porto) | [email protected] Mestre em Estudos Literários, Culturais e Interartísticos (esp. Estética Literária) O jogo literário de Se numa Noite de Inverno um Viajante de Italo Calvino Com esta comunicação pretende-se criar uma ponte que faça a ligação entre o jogo e a literatura e que coloque em evidência o jogo como motor de criação literária e como meio e veículo do diálogo travado entre uma obra e o seu leitor. Para demonstrar esta ligação faremos um estudo aprofundado sobre a obra Se numa noite de inverno um viajante, de Italo Calvino. Partindo de teorias do jogo desenvolvidas por Johan Huizinga e Roger Caillois, tentaremos colocar em evidência a presença do jogo na escrita de Calvino. Para tal vamos identificar, nesta sua obra, a aparição e relevância na narrativa dos diferentes tipos de jogo definidos pelos autores, assim como a importância do narrador na função de game master, num romance considerado pleno de leituras possíveis, que se aproxima da noção de “romance-infinito” ou de “história interminável”. Nota biográfica: Mafalda Barbosa é mestre em Estética Literária, licenciada em Artes Digitais e investigadora independente. Com uma formação de amplos horizontes que englobam as Artes Digitais, a Literatura e as Interartes, o seu interesse pela mediação entre Obra e Indivíduo não se deteve na plataforma digital, por si só propensa à interatividade, mas estendeu-se ao formato analógico, concretamente à área das letras. Foi nos Estudos Interartísticos que encontrou um novo desafio, o Jogo como forma de criar Literatura. MARÍA ÁLVAREZ ÁLVAREZ
(Univ.Oviedo) | [email protected] Doutoranda do Programa em Investigações Humanísticas “Uma fénix de difícil explicação”: algunos datos para la recepción de Lope de Vega en Portugal En 1935, a raíz del tricentenario de la muerte de Lope de Vega, tuvieron lugar un gran número de actos conmemorativos dentro y fuera de España, con el objetivo de celebrar y reivindicar la memoria y la obra de una de las grandes figuras de la literatura española. Portugal destaca entre todos los países que participaron de la celebración, donde se aprovecha la efeméride para reivindicar las conexiones entre las literaturas y las culturas portuguesa y española. Una reciente estancia de investigación en la Faculdade de Ciências Humanas de la Universidade Católica Portuguesa nos ha permitido estudiar los actos conmemorativos celebrados en Lisboa con motivo del tricentenario. Entre ellos, destaca la labor de la Academia das Ciências de Lisboa, la representación de obras lopescas durante las fiestas de la ciudad, sobre el tablado de un patio de comedias reconstruido, o la Exposição do Livro Espanhol. Fidelino de Figueiredo, Júlio Dantas, Queiroz Veloso o el español Américo Castro (invitado por la Academia das Ciências para dar un ciclo de lecciones) son algunos de los nombres que participaron activamente en esta conmemoración. En definitiva, con este trabajo queremos aportar algunos datos de interés para el estudio de la recepción lopesca en Portugal, centrándonos especialmente en los años cercanos a 1935. Nota biográfica: María Álvarez Álvarez é licenciada em Filologia Românica e Filologia Hispânica pela Universidade de Oviedo. Estudou o Mestrado em Formação e Investigação Literária e Teatral no Contexto Europeo e atualmente é estudante do Programa de Doutoramento em Investigações Humanísticas da Universidade de Oviedo, onde trabalha como investigadora contratada. Na sua tese estuda a recepção crítica de Lope de Vega em 1935, ano do terceiro centenário da morte do autor. MARIA LUÍSA RESENDE
(CEClássicos-Univ.Lisboa)|[email protected] Doutoranda de 4.º ano em Estudos Clássicos Amores de Antíoco no Renascimento Português A fortuna da história de Antíoco, o jovem príncipe apaixonado pela esposa de seu pai, na literatura portuguesa quinhentista revela contornos particulares, na medida em que não se verifica, nem na comédia camoniana El-rei Seleuco, nem na tradução latina do De Dea Syria de Luciano elaborada por Jorge Coelho, qualquer tentativa de evitar a problemática do incesto. Contrariamente ao que sucedia na obra de autores seus contemporâneos, Coelho coloca no centro da sua tradução o episódio de Seleuco, conferindo-lhe uma importância que se revê no processo de recriação do texto de Luciano. Muito embora já existam estudos sobre a recepção deste mito no auto camoniano, a versão de Jorge Coelho nunca foi objecto de análise. A leitura comparada destes textos e a identificação dos seus antecedentes clássicos e renascentistas revela-se, portanto, essencial para compreender a recuperação do episódio no Renascimento Português. Nota biográfica: Maria Luísa de Oliveira Resende é investigadora integrada do Centro de Estudos Clássicos da Faculdade de Letras de Lisboa. Terminou o Mestrado em Estudos Clássicos em 2013 e frequenta actualmente o Doutoramento em Estudos Clássicos, com uma bolsa de doutoramento concedida pela FCT. Está a desenvolver uma tese na área da Recepção da Cultura Grega no Humanismo Português, sob a orientação de Ana María Sánchez Tarrío e José María Maestre Maestre. MARIANA VEIGA COPERTINO F. DA SILVA
(GPDC-Univ.Estadual Paulista) | [email protected] Doutoranda de 2.º ano em Estudos Literários Literatura e cinema: Manoel de Oliveira e o pensamento crítico da Presença Este projeto propõe um estudo da produção cinematográfica de Manoel de Oliveira, com enfoque na influência que esta obra recebeu do presencismo português, detectável, sobretudo, na relação que ela estabelece com outras artes e, dentre elas, especialmente a literatura. Oliveira foi um dos poucos artistas que viram as transformações socioculturais pelas quais o mundo passou ao longo do século XX. Sua produção cinematográfica se inicia em 1931, com Douro faina fluvial e avança pelos anos seguintes com filmes que variam entre curtas e longas-metragens. O momento inicial do cinema de Manoel de Oliveira coincide com o auge da revista Presença em Portugal e a relação do cineasta com essa Folha de Arte e Crítica se estreita à medida que intensifica sua amizade com José Régio que apresenta ao jovem Oliveira a arte vanguardista e as inovações estéticas divulgadas pela Presença. Assim, o movimento modernista acaba por influenciar a estética que Manoel de Oliveira se propõe a desenvolver no cinema, influenciando sua produção, sobretudo as questões relacionadas à originalidade de uma obra moderna: uma arte sincera e atemporal, como propunha a Presença. Esta investigação observa em alguns filmes de Manoel de Oliveira, uma dimensão estética sensivelmente marcada pela inspiração advinda da proximidade entre o cineasta e os artistas que em torno da revista se reuniram, sobretudo José Régio. Nota biográfica: Mariana Veiga Copertino F. da Silva é bacharel e licenciada em letras pela Unesp FCL/Ar (Brasil) e mestre em Estudos Literários pela mesma instituição, tendo desenvolvido a dissertação intitulada O cinema de Manoel de Oliveira: um caso singular, na área de Relações intersemióticas. Cursa o doutoramento também pela Unesp FCL/Ar, a pesquisadora desenvolve o projeto Entre o cinema e a literatura: a influência da ‘Presença’ na produção de Manoel de Oliveira, investigação realizada também enquanto bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian. O projeto também é vinculado ao Centro de Estudos Arnaldo Araújo, na ESAP. MARISA MOURINHA
(CEC-Univ.Lisboa)| [email protected] Doutoranda de 3.º ano em Estudos Comparatistas Traduzir a queda do império: algumas traduções de António Lobo Antunes para italiano António Lobo Antunes é um dos mais destacados escritores portugueses contemporâneos e, por isso, também, dos mais traduzidos. A sua prosa, no entanto, está pejada não só de referências concretas, específicas da cultura portuguesa, mas também de alusões, nem sempre directas, a episódios da história recente de Portugal, como a guerra colonial e a descolonização. Escolhemos três romances do autor nos quais estes temas são revisitados de forma pregnante: Os Cus de Judas, As Naus e O Esplendor de Portugal. Nestas três obras encontra-se, de modo marcante, aquilo que se verifica um pouco por toda a sua obra: uma abordagem crítica e impiedosa do que foi o império, a guerra, e o que se seguiu. O que nos propomos é analisar de que maneira são eles tratados em tradução – no caso, para italiano. Se na cultura portuguesa Lobo Antunes dá voz a gerações que se revêem na sua prosa, como pode este autor apresentar-se perante um público que, como o italiano, possui tamanha distância relativamente a qualquer das realidades retratadas – da cultura portuguesa (dos anos '70 ou '90) às culturas africanas (apenas entrevistas nestes romances), à experiência da guerra colonial ou do próprio império? Nota biográfica: Licenciada em Filosofia pela Universidade de Lisboa (1999), desenvolve agora um doutoramento em Estudos Comparatistas (FLUL), com um projecto sobre as traduções de Lobo Antunes para inglês e italiano. Foi leitora de português em Perugia e em Viterbo, e trabalhou também como tradutora. Entre os seus interesses de investigação estão, além dos estudos de tradução, a literatura pós-colonial e a poesia contemporânea. PATRÍCIA DA CUNHA SEIXAS
(Univ.Nova Lisboa) | [email protected] Doutoranda de 1.º ano em Literaturas e Culturas Modernas (esp. Estudos Literários Comparados) Metaficção e autoficção: diálogos cruzados nas obras de José Saramago e de Enrique Vila-Matas O presente projeto de tese de doutoramento em Literaturas Comparadas pretende, em primeiro lugar, fazer uma revisão teórica dos complexos conceitos de Metaficção, Autobiografia e Autoficção. Uma vez problematizadas e definidas tais palavras-chave, importa estudar o processo de criação literária, bem como a relação que estabelecem entre si autor, narrador e personagem, nas obras selecionadas de José Saramago e Enrique Vila-Matas. Dada a notoriedade dos autores e elevado número de textos dos escritores, a seleção do corpus literário restringir-se-á ao Manual de Caligrafia e Pintura (1977) e O Ano da Morte de Ricardo Reis (1984), no caso português, e a El mal de Montano (2000) e Suicidios ejemplares (2002), no caso catalão. Por último, é imprescindível explorar a interceção da teoria com a prática, porém, completando-a com um elemento comum aos textos em análise, o da presença de Fernando Pessoa. Por outras palavras, revisitar o autor da Mensagem enquanto personagem de Saramago e Vila-Matas. A pertinência deste estudo prende-se não só com o facto de, até à data, não existirem trabalhos que encontrem paralelismos, divergências ou ecos no tratamento dos conceitos-chave nestas obras, mas também na procura de um novo Reis e de um Pessoa reinventado. Nota biográfica: Encontro-me presentemente a completar o meu primeiro ano de doutoramento em Literaturas Comparadas, sob a orientação da Prof.a Dr.a Isabel Araújo-Branco. O meu percurso académico foi sempre realizado na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade Nova de Lisboa. Em 1994 terminei a Licenciatura em Línguas e Literaturas Modernas, na variante de Estudos Portugueses e Ingleses, ramo de tradução. Regressei à faculdade, como aluna extraordinária e completei as unidades curriculares relativas ao estudo da Língua e Cultura Espanholas. Defendida a tese do Mestrado em Ensino, em 2016, ganhei uma distinção, pelo CETAPS, de JRAAS SEAL (Junior Researchers in Anglo-American Studies Platform). Este ano participei no Encontro de Estudantes de Literaturas Ibéricas e Ibero-Americanas Comparadas e Literaturas e Culturas Modernas, na Universidade de Évora, com uma apresentação intitulada "A literatura do(s) outro(s): metaficção e heteronímia em José Saramago e Enrique Vila-Matas". PEDRO ÁLVAREZ-CIFUENTES
(Univ.Oviedo) | [email protected] Doutor internacional em Filologia Românica A censura dos romances de cavalaria em Espanha e Portugal: uma visão comparada Entre os muitos preconceitos que condicionaram historicamente a recepção do romance de cavalarias peninsular entre os séculos XVI e XVII, desempenharam um papel fundamental os ataques de frades, predicadores, confessores e moralistas como Juan Luis Vives e Gaspar de Astete (em Espanha) ou João de Barros, Frei Amador Arrais e Diogo de Paiva de Andrada (em Portugal). Com grande beligerância, os sectores vinculados à Igreja Católica questionavam a dimensão moral de textos cavaleirescos como o Amadís de Gaula ou o Palmeirim de Inglaterra e promulgavam, pelo contrário, uma literatura de conteúdo devoto que servisse para edificar o público leitor, especialmente no caso de jovens e mulheres. No entanto, uma leitura atenta deste tipo de censuras revela que, com frequência, as críticas espanholas foram muito mais veementes e rotundas do que as portuguesas. Propomos uma revisão comparada destes testemunhos críticos sobre o sucesso da literatura de cavalarias na Península Ibérica. Nota biográfica: Pedro Álvarez-Cifuentes é doutor em Filologia Românica pela Universidade de Oviedo, onde se licenciou em Filologia Hispânica e Filologia Românica. Também estudou Filologia Portuguesa na Universidade de Salamanca. Desde 2009 trabalha como docente e investigador no Departamento de Filologia Clássica e Românica da Universidade de Oviedo, tendo vindo a desenvolver os seus estudos na área da Literatura Portuguesa dos séculos XVI e XVII. SANDRA ISABEL GONÇALVES MARQUES
(ILCML-Univ.Porto) | [email protected] Doutoranda de 3.º ano em Estudos Literários, Culturais e Interartísticos O discurso colonial: as vozes femininas dissonantes de Maria Isabela Figueiredo, Dulce Maria Cardoso, Aida Gomes, Lília Momplé, Alda Espírito Santo e Paulina Chiziane O projeto emerge em torno de uma revisitação da memória de um tempo colonial através de diversas inscrições autorais, ancorada em diferentes perspetivas e no âmbito de múltiplas figurações textuais. A investigação foi motivada pelo facto de nos últimos anos se ter assistido a uma crescente produção textual de ficção narrativa, mas também ensaística no que concerne a revisitação de África, invertendo o que foi a tendência do silêncio e trazendo para o palco das discussões a questão do fim do império e a questão colonialista e pós-colonialista, nomeadamente o drama dos retornados. O projeto visa demonstrar que a literatura tem um papel relevante atinente à memória coletiva, não descurando a relação entre memória e identidade, e que pode ser um contributo válido para a compreensão da história de um país ao desmistificar as ideias que se criaram em torno das questões pós-coloniais. Dulce Maria Cardoso em O Retorno, Isabel Figueiredo em Cadernos de Memórias Coloniais e Aida Gomes em Os Pretos de Pousaflores abordam a temática dos retornados. Lília Momplé em Ninguém Matou Suhura, Alda Espírito Santo em Escritos e Paulina Chiziane em Balada de Amor ao Vento expõem o sofrimento dos colonizados e a prepotência dos colonizadores. Nota biográfica: Sandra Marques é doutoranda em Estudos Literários, Culturais e Interartísticos na Faculdade de Letras da Universidade do Porto. É licenciada em Línguas e Literaturas Modernas variante dos estudos Franceses e Ingleses e concluiu o Mestrado em Estudos Literários, Culturais e Interartes na mesma instituição. As suas áreas de interesse são o Colonialismo, o Pós-colonialismo, a Literatura Africana, a Literatura Portuguesa e a Literatura Comparada. É membro colaborador do Instituto de Literatura Comparada Margarida Losa. SOFIA MOTA FREITAS
(ILCML-Univ.Porto) | [email protected] Doutoranda de 2.º ano em Estudos Literários, Culturais e Interartísticos O caso do poeta-bailarino: Almada Negreiros e os Ballets Russes Este trabalho – que se insere no âmbito do projeto de doutoramento Representações da Dança na Poesia Portuguesa do Século XX – procura investigar a produção literária de José de Almada Negreiros sob a perspetiva interartística e intermedial da dança. Pretende-se estudar a influência da companhia Ballets Russes na obra do artista, partindo do manifesto “Os Bailados Russos em Lisboa”, escrito em 1917 e apenso ao único número da revista Portugal Futurista. Este manifesto, verdadeiro panegírico à companhia russa, surge no contexto das vanguardas europeias e testemunha o interesse do poeta modernista pela arte do bailado, enquanto manifestação da revolução artística em curso. É na sequência da passagem dos Ballets Russes por Lisboa que Almada irá compor os seus bailados, onde se poderão rastrear ecos das coreografias da trupe russa. Embora a atividade coreográfica e balética corresponda apenas a uma breve fase da vida do autor, estas experiências influirão em grande parte da sua obra literária e pictórica. Tendo como principal objetivo estudar a relação interartística entre a literatura e a dança – investigação já realizada em Mário de Sá-Carneiro na dissertação de mestrado –, pretende-se, assim, colocar em evidência preocupações estéticas comuns entre José de Almada Negreiros e os Ballets Russes. Nota biográfica: Sofia Mota Freitas é doutoranda em Estudos Literários, Culturais e Interartísticos na Faculdade de Letras da Universidade do Porto e é investigadora em formação no Instituto de Literatura Comparada Margarida Losa. Licenciou-se em Estudos Portugueses e Lusófonos e concluiu, em 2016, o mestrado em Estudos Literários, Culturais e Interartes na mesma instituição, com a dissertação O Imaginário e a Representação da Dança em Mário de Sá-Carneiro. As suas áreas de interesse são a Literatura Portuguesa, os Estudos Interartísticos e os Estudos Feministas. TIAGO AIRES
(GALABRA-Univ.Santiago de Compostela) | [email protected] Doutorando de 3.º ano em Estudos da Literatura e da Cultura As antologias de poesia em língua portuguesa em Portugal, no Brasil e na Galiza (1995-2015): bens e ferramentas O presente projeto de doutoramento tem lugar na Universidade de Santiago de Compostela, no grupo GALABRA, ao mesmo tempo que mantenho fortes ligações com a Universidade do Minho e com o mundo da Lusofonia. Pretende-se, neste momento, dar a conhecer um plano de investigação que procura inventariar as antologias de poesia em língua portuguesa publicadas no Brasil, em Portugal e na Galiza entre 1995 e 2015, a fim de conhecer e analisar as suas dinâmicas de produção e de funcionamento (objetivos, critérios, suportes, papel dos organizadores e perfil dos antologiados), conhecer os dados de receção e impacto em termos de mercado e planos educativos e identificar as diferentes entidades envolvidas. Mas, sobretudo, caracterizar e discutir a imagem de lusofonia representada nessas antologias, vendo o seu possível papel na construção de cânones, repetindo nomes estabelecidos ou sugerindo novas propostas. Esta investigação parte das propostas de estudo defendidas por teóricos como Pierre Bourdieu ou Itamar Even-Zohar, recorrendo a métodos informáticos/estatísticos desenhados para as Humanidades, para alcançar um maior rigor dos dados observados e trabalhados. Nota biográfica: Membro do grupo de investigação GALABRA – Universidade de Santiago de Compostela, onde se encontra a realizar o Doutoramento em Estudos da Literatura e da Cultura, é licenciado em Línguas e Literaturas Modernas, Estudos Portugueses pela Universidade do Porto e mestre em Estudos Românicos, Literaturas Brasileira e Africanas de Língua Portuguesa pela Universidade de Lisboa. Tem publicados vários artigos sobre as literaturas de língua portuguesa e galega, sobretudo em torno da poesia, literatura comparada e espaço literário. TIAGO CLARIANO
(Univ.Lisboa) | [email protected] Mestrando em Teoria da Literatura Que imagens lhe passavam pela retina? A análise dos poemas que Camilo Pessanha indicou como dípticos e enquanto dípticos tem resultados muito diferentes dos que recorrem na sua análise como poemas individuais. Esta comunicação analisará o caso de “Imagens que passais pela retina” e “Quando voltei encontrei os meus passos” e propõe uma nova análise baseada numa estética da justaposição e da contaminação semântica de uns elementos noutros. Esta análise desliga-se ainda do rótulo simbolista que tem sido recorrentemente induzido a Camilo Pessanha. Discorda-se, por isso, da ideia da estética das “correspondances” e das “sinestesias” de Charles Baudelaire, por esta ser uma leitura fundada na função gramatical dos elementos que compõem os poemas, sem pensar nos seus elementos como substituições pronominais de umas sensações por outras ideias (como é o ponto de vista de Paul de Man acerca do símbolo: um processo de substituição similar ao dos pronomes). Nota biográfica: Chamo-me Tiago Clariano, tenho 23 anos e vivo em Portimão. Estudei um ano em Ciências da Comunicação na Universidade Nova de Lisboa. Licenciei-me em Línguas, Literaturas e Culturas na Universidade de Évora. Estou a escrever uma tese de mestrado acerca das edições de Camilo Pessanha para o programa em Teoria da Literatura na Universidade de Lisboa. VASCO VASCONCELOS
(ILCML-Univ.Porto) | [email protected] Doutorado em Estudos Literários, Culturais e Interartísticos À Sombra do Som da Morte – A poética da escuta e do silêncio em Raul Brandão e Rui Nunes À Sombra do Som da Morte – A poética da escuta e do silêncio em Raul Brandão e Rui Nunes resulta de uma investigação desenvolvida na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, no contexto do curso de Doutoramento em Estudos Literários, Culturais e Interartísticos. Neste trabalho tentamos ler as obras de Raul Brandão e de Rui Nunes a partir dos diferentes modos como o elemento sonoro e o silêncio aí se apresentam, procurando ainda demonstrar a relevância de conceitos da acústica quando aplicados ao texto literário. Em Raul Brandão, sugerimos, por um lado, uma relação com a paisagem sonora e com a visão; por outro, uma espectralidade do texto que nos permite ainda partir para uma reflexão ontológica. Em Rui Nunes, a ética domina o texto através de uma certa forma de dizer e de trabalhar a sintaxe que tem o silêncio como núcleo. Portanto, o silêncio é parte vital da resistência que caracteriza estas obras, contrastando com a produção de um ruído sem profundidade. Por isso, analisamos como a negatividade, ausência ou interrupção estão presentes num olhar para a narrativa, a História e a contemporaneidade, mas também para a dor, a teologia e para uma ideia de morte. Nota biográfica: Vasco Vasconcelos nasceu na cidade do Porto em 1985. Em 2008 licenciou-se na Faculdade de Letras da Universidade do Porto e dois anos depois completou a tese de mestrado: Música, Fatalmente – Referências musicais na poesia de Manuel de Freitas. Em 2017, ainda na mesma instituição, defendeu a tese de doutoramento intitulada À Sombra do Som da Morte – A poética da escuta e do silêncio em Raul Brandão e Rui Nunes. Partindo do interesse principal em literatura portuguesa, procura desenvolver no seu trabalho um diálogo produtivo e inovador entre literatura e som. VICENTE VIVALDO FINO
(Univ.Évora) | [email protected] Mestrando de 2.º ano em Literatura (esp. Estudos de Literatura Comparada) Finezas Venturosas: uma novela inédita do século XVII O projeto de dissertação que se encontra em fase de desenvolvimento terá como objeto de estudo a prosa do séc. XVII. Trabalhando a partir de uma novela anónima e inédita, que se encontra manuscrita no Códice CV/1-31d, da Biblioteca Pública de Évora, o foco de estudo verá contemplada, numa primeira instância, a discussão em torno do género novela tal como nos é dado a conhecer na prosa seiscentista. Definindo um corpus textual a partir do qual possamos desenvolver a nossa análise – ainda que o núcleo desse corpus seja a novela inédita Finezas venturosas – debruçar-nos-emos em torno da construção do enredo na ficção em prosa. Dadas as limitações de um trabalho do género, o nosso estudo abrangerá a denominada novela curta sentimental, através dos exemplos de Gaspar Pires de Rebelo e de Gerardo de Escobar, autores que trabalharam o género com sucesso, sobretudo no caso do primeiro. Tais exemplos servir-nos-ão para situar temporalmente a novela Finezas venturosas, concomitantemente à definição teórica da efabulação na novela curta do séc. XVII. Assim, numa primeira parte da dissertação serão abordados os aspetos teóricos – com especial atenção às poéticas do período em questão e aos estudos em torno da novelística cervantina – para, numa segunda parte, atentarmos aos textos com exemplos práticos que cunhem o nosso estudo. Nota biográfica: Vicente Vivaldo Fino é licenciado em Línguas, Literaturas e Culturas, no perfil de estudos portugueses e espanhóis, pela Universidade de Évora. Encontra-se em fase de preparação da sua dissertação no Mestrado em Literatura, variante de Literatura Comparada, também na Universidade de Évora, com a orientação do Prof. Doutor Hélio Alves. É bolseiro de investigação da FCT/BNP, na área da documentação antiga patrimonial (livro antigo e manuscritos), desenvolvendo a sua atividade na Biblioteca Pública de Évora desde janeiro de 2016, tendo realizado várias formações na área do livro antigo e da História do livro. VÍTOR FERREIRA
(ILCML-Univ.Porto) | [email protected] Doutorando de 1.º ano em Estudos Literários, Culturais e Interartísticos “Entre o ridículo e um buraco negro”: reflexões sobre a Europa na poesia de José Miguel Silva Esta comunicação visa refletir a respeito da Europa atual partindo da obra do poeta português contemporâneo José Miguel Silva (n. 1969). Tendo como base a minha dissertação de mestrado (“Não sei se a culpa é minha ou de ninguém: a poesia política de José Miguel Silva”), procurarei desenvolver as reflexões do poeta em torno da Europa, debatendo diversos temas como a ausência de compaixão e justiça, a promiscuidade política e um possível apocalipse. Embora a palavra Europa e as suas derivantes se encontrem praticamente ausentes nos livros de José Miguel Silva, o leitor pode, com facilidade, intuir o que poeta pensa acerca da Europa e das suas mais importantes instituições. Assim, o fracasso do projeto europeu, ilustrado por autores como Hans Magnus Enzensberger, ecoa em irónicos poemas de José Miguel Silva e em outros textos mordazes que publica no seu blog pessoal (https://eumeswill.wordpress.com). No atual contexto de indiferença e desresponsabilização, urge pensar o futuro da Europa. A obra de José Miguel Silva, pela sua lucidez crítica, afigura-se um instrumento muito pertinente. Nota biográfica: Vítor Ferreira concluiu, em dezembro de 2016, o mestrado em Estudos Literários, Culturais e Interartes pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto, apresentando uma dissertação intitulada “Não sei se a culpa é minha ou de ninguém: a poesia política de José Miguel Silva”. Atualmente, é investigador em formação no Instituto de Literatura Comparada Margarida Losa (Porto). Tem publicado ensaios sobre diversos autores, de diferentes áreas artísticas, como Sarah Kane, Lars von Trier, João Miguel Fernandes Jorge e José Miguel Silva. |