RESUMOS | EDIÇÃO 2018
ANA MARIA DIAS SIRGADO
(Univ. Nova de Lisboa)
A contaminação extrafabulística no romanceiro tradicional português editado entre 1828 e 2000
A presença de versos de um romance tradicional em versões de outro tema do mesmo género, comummente designada pela crítica por “contaminação”, é um dos processos mais complexos e heterogéneos da variação romancística. Entendida pelos eruditos oitocentistas como uma degenerescência da tradição moderna, causada pela transmissão popular e pela ignorância dos seus cantores, esta migração intertextual de unidades ou grupos de unidades de significação de diferentes romances passou a ser valorizada, sobretudo a partir da década de 60 do século XX, enquanto própria da recriação poética tradicional. Esta comunicação visa apresentar o trabalho desenvolvido sobre a contaminação extrafabulística no romanceiro tradicional português, editado entre 1828 e 2000, tendo por objectivos identificar as modalidades específicas do processo e a respectiva lógica de funcionamento, assim como os efeitos formais, narrativos e ideológicos destes engastes.
CV
Doutorada em Estudos Portugueses, na especialidade de Literatura Oral e Tradicional, pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, com uma tese sobre o processo de contaminação no romanceiro tradicional português, defendida em 2017. Foi bolseira da Fundação para a Ciência e Tecnologia e é actualmente bolseira de investigação no Instituto de Estudos de Literatura e Tradição, sendo também membro da equipa do projecto “Revisões literárias: a aplicação criativa de romances velhos (séculos XV-XVII)”.
A contaminação extrafabulística no romanceiro tradicional português editado entre 1828 e 2000
A presença de versos de um romance tradicional em versões de outro tema do mesmo género, comummente designada pela crítica por “contaminação”, é um dos processos mais complexos e heterogéneos da variação romancística. Entendida pelos eruditos oitocentistas como uma degenerescência da tradição moderna, causada pela transmissão popular e pela ignorância dos seus cantores, esta migração intertextual de unidades ou grupos de unidades de significação de diferentes romances passou a ser valorizada, sobretudo a partir da década de 60 do século XX, enquanto própria da recriação poética tradicional. Esta comunicação visa apresentar o trabalho desenvolvido sobre a contaminação extrafabulística no romanceiro tradicional português, editado entre 1828 e 2000, tendo por objectivos identificar as modalidades específicas do processo e a respectiva lógica de funcionamento, assim como os efeitos formais, narrativos e ideológicos destes engastes.
CV
Doutorada em Estudos Portugueses, na especialidade de Literatura Oral e Tradicional, pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, com uma tese sobre o processo de contaminação no romanceiro tradicional português, defendida em 2017. Foi bolseira da Fundação para a Ciência e Tecnologia e é actualmente bolseira de investigação no Instituto de Estudos de Literatura e Tradição, sendo também membro da equipa do projecto “Revisões literárias: a aplicação criativa de romances velhos (séculos XV-XVII)”.
ANDREIA JOANA OLIVEIRA DA SILVA
(Univ. Monnet - CELEC / Univ. Porto - ILC)
Travessias atlânticas – Circulações, trocas e migrações literárias nos mundos francófono e lusófono
Esta comunicação insere-se num projeto de doutoramento em curso no qual nos propomos analisar um corpus francófono e lusófono de obras literárias construídas em torno de um espaço primordial de circulação, trocas e migrações: o Oceano Atlântico. O Atlântico de língua portuguesa e o Atlântico de língua francesa são marcados por um passado comum: o tráfico negreiro transatlântico e o colonialismo. Trabalhando num corpus literário contemporâneo, séc. XX e séc. XXI, iremos apoiar-nos nos estudos pós-coloniais para analisar as obras propostas neste estudo através de uma perspetiva comparatista. Acreditamos ser pertinente analisar o eixo atlântico Sul-Sul, refletindo sobre a definição de “Sul” e a territorialidade que este conceito abrange. De igual modo, cabe-nos questionar o fluxo África-Brasil (travessia enquanto partida) mas também África-Brasil-África (travessia de retorno à terra natal e busca identitária daí inerente). Deste modo, foi definido o seguinte corpus de obras do espaço lusófono: José Eduardo Agualusa, A Rainha Ginga (2014); Ana Maria Gonçalves, Um Defeito de cor (2006); e Henrique Teixeira de Sousa, Ó Mar de Túrbidas Vagas (2005). Para o espaço francófono, debruçar-nos-emos sobre a obra incontornável de Tierno Monénembo, Pelourinho (1995); Les fantômes du Brésil, de Florent Conao-Zoti (2006); e a mais recente obra de Wilfried N’Sondé, Un océan, deux mers et trois continents (2018). A nossa reflexão incidirá sobre os cruzamentos efetuados nestes dois espaços geográficos e linguísticos, num contexto de travessias, analisando de que forma a história da construção deste espaço transatlântico é também a história da construção de um espaço translinguístico (J.M.Moura), de um espaço literário, estético e conceptual, num contexto pós-colonial.
CV
Professora de Português no Departamento de Línguas Estrangeiras Aplicadas da Universidade Jean Monnet, em Saint-Étienne. Licenciada em Estudos Portugueses e Lusófonos pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto e Mestre em Línguas e Culturas Estrangeiras, especialidade em Estudos Lusófonos, pela Université Blaise-Pascal, Clermont II. Frequenta o doutoramento em Estudos Literários, Culturais e Interartes na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, em cotutela com a Université Jean Monnet, de Saint-Étienne. Atualmente é membro do Centre d’Etudes sur les Langues et les Littératures Etrangères et Comparées (CELEC) e do Instituto de Literatura Comparada Margarida Losa (ILC). É também membro da Société des Hispanistes Français de l’enseignement supérieur, da Rede Panlatina de Terminologia REALITER e membro do Conselho Europeu para as Línguas.
Travessias atlânticas – Circulações, trocas e migrações literárias nos mundos francófono e lusófono
Esta comunicação insere-se num projeto de doutoramento em curso no qual nos propomos analisar um corpus francófono e lusófono de obras literárias construídas em torno de um espaço primordial de circulação, trocas e migrações: o Oceano Atlântico. O Atlântico de língua portuguesa e o Atlântico de língua francesa são marcados por um passado comum: o tráfico negreiro transatlântico e o colonialismo. Trabalhando num corpus literário contemporâneo, séc. XX e séc. XXI, iremos apoiar-nos nos estudos pós-coloniais para analisar as obras propostas neste estudo através de uma perspetiva comparatista. Acreditamos ser pertinente analisar o eixo atlântico Sul-Sul, refletindo sobre a definição de “Sul” e a territorialidade que este conceito abrange. De igual modo, cabe-nos questionar o fluxo África-Brasil (travessia enquanto partida) mas também África-Brasil-África (travessia de retorno à terra natal e busca identitária daí inerente). Deste modo, foi definido o seguinte corpus de obras do espaço lusófono: José Eduardo Agualusa, A Rainha Ginga (2014); Ana Maria Gonçalves, Um Defeito de cor (2006); e Henrique Teixeira de Sousa, Ó Mar de Túrbidas Vagas (2005). Para o espaço francófono, debruçar-nos-emos sobre a obra incontornável de Tierno Monénembo, Pelourinho (1995); Les fantômes du Brésil, de Florent Conao-Zoti (2006); e a mais recente obra de Wilfried N’Sondé, Un océan, deux mers et trois continents (2018). A nossa reflexão incidirá sobre os cruzamentos efetuados nestes dois espaços geográficos e linguísticos, num contexto de travessias, analisando de que forma a história da construção deste espaço transatlântico é também a história da construção de um espaço translinguístico (J.M.Moura), de um espaço literário, estético e conceptual, num contexto pós-colonial.
CV
Professora de Português no Departamento de Línguas Estrangeiras Aplicadas da Universidade Jean Monnet, em Saint-Étienne. Licenciada em Estudos Portugueses e Lusófonos pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto e Mestre em Línguas e Culturas Estrangeiras, especialidade em Estudos Lusófonos, pela Université Blaise-Pascal, Clermont II. Frequenta o doutoramento em Estudos Literários, Culturais e Interartes na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, em cotutela com a Université Jean Monnet, de Saint-Étienne. Atualmente é membro do Centre d’Etudes sur les Langues et les Littératures Etrangères et Comparées (CELEC) e do Instituto de Literatura Comparada Margarida Losa (ILC). É também membro da Société des Hispanistes Français de l’enseignement supérieur, da Rede Panlatina de Terminologia REALITER e membro do Conselho Europeu para as Línguas.
AUDE PLAGNARD
(Univ. Paul Valéry - Montpellier)
A épica luso-espanhola do século XVI: um terreno de pesquisa comparatista?
Em Une épopée ibérique. Ercilla et Corte-Real (1569-1589), livro de próxima publicação derivado da minha tese de doutoramento, exploro em paralelo as trajetórias poéticas de dois autores do século XVI: o espanhol Alonso de Ercilla e o português Jerónimo Corte-Real. Partindo da coincidência entre as datas de redação e/ou de publicação das suas obras (final dos 60, dos 70 e dos 80), descrevo as soluções diversas que os dois poetas encontraram para confrontar-se com problemas comuns para a narração em verso heroico: poetizar, a través da história recente, a aventura coletiva dos seus contemporâneos, confrontando-se às crónicas sobre os mesmos acontecimentos; mostrar, a través dos relatos, as dificuldades políticas, estratégicas e éticas da expansão europeia em América e Ásia; renovar alguns dos motivos tradicionais da tradição épica e lírica italiana e ibérica. Nesta intervenção, debruçar-me-ei sobre esta pesquisa em termos metodológicos e disciplinares. Implica o estudo de este corpus uma metodologia comparatista? Ou podemos enfocar alguns fenómenos literários luso-espanhóis como próprios de II Encontro de Jovens Investigadores em Literatura Comparada 15 um espaço literário compartilhado? Neste último caso, pode esta metodologia estender-se ao conjunto do género épico?
CV
Aude Plagnard é Maîtresse de conférences em literaturas comparadas na Universidade Paul-Valéry de Montpellier (França). Além de sua pesquisa sobre a épica luso-espanhola (veja-se Une épopée ibérique, de próxima publicação na biblioteca de la Casa de Velázquez), colabora no projeto de edição digital de la polémica gongorina dirigido por Mercedes Blanco (OBVIL, Paris-Sorbonne). Também é membro do Réseau Euro-Africain de Recherche sur les Épopées e do CIMEEP.
A épica luso-espanhola do século XVI: um terreno de pesquisa comparatista?
Em Une épopée ibérique. Ercilla et Corte-Real (1569-1589), livro de próxima publicação derivado da minha tese de doutoramento, exploro em paralelo as trajetórias poéticas de dois autores do século XVI: o espanhol Alonso de Ercilla e o português Jerónimo Corte-Real. Partindo da coincidência entre as datas de redação e/ou de publicação das suas obras (final dos 60, dos 70 e dos 80), descrevo as soluções diversas que os dois poetas encontraram para confrontar-se com problemas comuns para a narração em verso heroico: poetizar, a través da história recente, a aventura coletiva dos seus contemporâneos, confrontando-se às crónicas sobre os mesmos acontecimentos; mostrar, a través dos relatos, as dificuldades políticas, estratégicas e éticas da expansão europeia em América e Ásia; renovar alguns dos motivos tradicionais da tradição épica e lírica italiana e ibérica. Nesta intervenção, debruçar-me-ei sobre esta pesquisa em termos metodológicos e disciplinares. Implica o estudo de este corpus uma metodologia comparatista? Ou podemos enfocar alguns fenómenos literários luso-espanhóis como próprios de II Encontro de Jovens Investigadores em Literatura Comparada 15 um espaço literário compartilhado? Neste último caso, pode esta metodologia estender-se ao conjunto do género épico?
CV
Aude Plagnard é Maîtresse de conférences em literaturas comparadas na Universidade Paul-Valéry de Montpellier (França). Além de sua pesquisa sobre a épica luso-espanhola (veja-se Une épopée ibérique, de próxima publicação na biblioteca de la Casa de Velázquez), colabora no projeto de edição digital de la polémica gongorina dirigido por Mercedes Blanco (OBVIL, Paris-Sorbonne). Também é membro do Réseau Euro-Africain de Recherche sur les Épopées e do CIMEEP.
BRUNO MENDONÇA
(Univ. Coimbra)
Fantástico e Absurdo na narrativa curta: evolução (de) ou modo distintos?
Objetiva-se demonstrar que um número crescente de narrativas curtas (contos ou novelas), tratadas pela literatura especializada como pertencentes ao “gênero” fantástico, ainda que sob nomenclaturas atualizadas (“fantástico contemporâneo”, “novos discursos do fantástico”, “neofantástico”, etc), não se assemelham – nem no aspecto formal, nem nos procedimentos narrativos adotados, nem na temática subjacente – ao Fantástico tal como analisado pelos seus principais teóricos (Tzvetan Todorov, Irène Bessière, Louis Vax, David Roas e Jaime Alazraki, em particular). Textos como A metamorfose (Franz Kafka), O nariz (Nikolai Gogol), Carta a uma senhorita em Paris (Julio Cortázar), Aglaia (Murilo Rubião), O tombo da Lua (Mário de Carvalho), entre outros, são, por assim dizer, “órfãos de gênero”, embora compartilhem tantas características em comum que poderiam, talvez, ser enquadrados num modo distinto, que nomeamos, provisoriamente e sob a inspiração de Todorov, de Absurdo. Esta é a hipótese da Tese de Doutoramento do investigador. Propõe-se, para a comunicação, revisitar a teoria do Fantástico 16 II Encontro de Jovens Investigadores em Literatura Comparada numa leitura cerrada de cinco textos clássicos desta vertente e, em seguida, também a partir da análise de cinco contos (que chamo de) Absurdos, apontar para algumas diferenças de registro existentes quanto aos dois conjuntos de textos, a ilustrar a impossibilidade de tratá-los como homogêneos ou pertencentes a um mesmo gênero/modo.
CV
Bruno Macêdo Mendonça nasceu em Recife/PE, Brasil. Graduado em Direito (UFPE) e Mestre em Relações Internacionais (UnB). Escritor. Autor da coletânea de contos Trôpegos visionários (2016) e do romance Liberdade (2017), lançamentos da Editora Kazuá, bem como do livro acadêmico O conceito de sociedade internacional (2016), da Paço Editorial. Colunista e Curador da Revista Philos (www. revistaphilos.com). Tem contos publicados nas revistas Gueto, Enfermaria 6, Subversa, Desenredos e no jornal O Relevo. Atualmente realiza o Doutoramento “Línguas Modernas: Culturas, Literaturas e Tradução”, na Universidade de Coimbra/ Portugal, sob a orientação da Dra. Cristina Robalo-Cordeiro.
Fantástico e Absurdo na narrativa curta: evolução (de) ou modo distintos?
Objetiva-se demonstrar que um número crescente de narrativas curtas (contos ou novelas), tratadas pela literatura especializada como pertencentes ao “gênero” fantástico, ainda que sob nomenclaturas atualizadas (“fantástico contemporâneo”, “novos discursos do fantástico”, “neofantástico”, etc), não se assemelham – nem no aspecto formal, nem nos procedimentos narrativos adotados, nem na temática subjacente – ao Fantástico tal como analisado pelos seus principais teóricos (Tzvetan Todorov, Irène Bessière, Louis Vax, David Roas e Jaime Alazraki, em particular). Textos como A metamorfose (Franz Kafka), O nariz (Nikolai Gogol), Carta a uma senhorita em Paris (Julio Cortázar), Aglaia (Murilo Rubião), O tombo da Lua (Mário de Carvalho), entre outros, são, por assim dizer, “órfãos de gênero”, embora compartilhem tantas características em comum que poderiam, talvez, ser enquadrados num modo distinto, que nomeamos, provisoriamente e sob a inspiração de Todorov, de Absurdo. Esta é a hipótese da Tese de Doutoramento do investigador. Propõe-se, para a comunicação, revisitar a teoria do Fantástico 16 II Encontro de Jovens Investigadores em Literatura Comparada numa leitura cerrada de cinco textos clássicos desta vertente e, em seguida, também a partir da análise de cinco contos (que chamo de) Absurdos, apontar para algumas diferenças de registro existentes quanto aos dois conjuntos de textos, a ilustrar a impossibilidade de tratá-los como homogêneos ou pertencentes a um mesmo gênero/modo.
CV
Bruno Macêdo Mendonça nasceu em Recife/PE, Brasil. Graduado em Direito (UFPE) e Mestre em Relações Internacionais (UnB). Escritor. Autor da coletânea de contos Trôpegos visionários (2016) e do romance Liberdade (2017), lançamentos da Editora Kazuá, bem como do livro acadêmico O conceito de sociedade internacional (2016), da Paço Editorial. Colunista e Curador da Revista Philos (www. revistaphilos.com). Tem contos publicados nas revistas Gueto, Enfermaria 6, Subversa, Desenredos e no jornal O Relevo. Atualmente realiza o Doutoramento “Línguas Modernas: Culturas, Literaturas e Tradução”, na Universidade de Coimbra/ Portugal, sob a orientação da Dra. Cristina Robalo-Cordeiro.
BRUNO MINISTRO
(Univ. de Coimbra - CLP)
Revisão da matéria dada seguido de algumas notas metodológicas sobre a digitalização de fotocópias
Encontrando-me atualmente (2014-2018) a desenvolver uma tese de doutoramento intitulada Todas as cópias são originais: eletrografia e copy art em Portugal, é este o objeto de investigação que proponho apresentar e discutir no encontro. Para esse efeito, após uma breve contextualização do escopo da tese, nomeadamente através da definição do objeto de estudo e da exemplificação do corpus de análise e das perguntas de investigação subjacentes, focar-me-ei em específico na problematização das questões metodológicas e epistemológicas levantadas no decurso do meu trabalho. Esta investigação, convocando áreas de cruzamento como os estudos comparados dos média, é informada pelo levantamento de obras de autores portugueses que, na sua relação com as comunidades e circuitos internacionais de arte postal, desenvolveram um robusto conjunto de práticas artísticas que fazem uso da máquina de fotocopiar enquanto meio criativo. O levantamento, tratamento e organização dos materiais em apreço dará também origem a uma coleção que integrará o Arquivo Digital da PO.EX. Tendo já sido criada e estando neste momento em expansão, estima-se que em setembro de 2018 a Coleção de eletrografia e copy art esteja próxima da sua versão final, o que poderá vir a proporcionar uma discussão, não só em torno da “digitalização de fotocópias”, mas também da “receção digital de fotocópias”.
CV
Bruno Ministro é doutorando no Programa FCT em Materialidades da Literatura na Universidade de Coimbra, onde prepara, sob orientação de Manuel Portela e Rui Torres, uma tese de doutoramento intitulada Todas as cópias são originais: eletrografia e copy art em Portugal. Licenciado em Línguas Modernas (U. Coimbra) e mestre em Edição de Texto (U. Nova de Lisboa), é atualmente membro em formação do Centro de Literatura Portuguesa (U. Coimbra) e co-editor do Arquivo Digital da PO.EX (U. Fernando Pessoa). A sua investigação, assente no estudo da poesia experimental/visual, copy art e literatura eletrónica, ensaia uma triangulação entre os estudos literários, a teoria dos média e os estudos culturais. [hackingthetext.net]
Revisão da matéria dada seguido de algumas notas metodológicas sobre a digitalização de fotocópias
Encontrando-me atualmente (2014-2018) a desenvolver uma tese de doutoramento intitulada Todas as cópias são originais: eletrografia e copy art em Portugal, é este o objeto de investigação que proponho apresentar e discutir no encontro. Para esse efeito, após uma breve contextualização do escopo da tese, nomeadamente através da definição do objeto de estudo e da exemplificação do corpus de análise e das perguntas de investigação subjacentes, focar-me-ei em específico na problematização das questões metodológicas e epistemológicas levantadas no decurso do meu trabalho. Esta investigação, convocando áreas de cruzamento como os estudos comparados dos média, é informada pelo levantamento de obras de autores portugueses que, na sua relação com as comunidades e circuitos internacionais de arte postal, desenvolveram um robusto conjunto de práticas artísticas que fazem uso da máquina de fotocopiar enquanto meio criativo. O levantamento, tratamento e organização dos materiais em apreço dará também origem a uma coleção que integrará o Arquivo Digital da PO.EX. Tendo já sido criada e estando neste momento em expansão, estima-se que em setembro de 2018 a Coleção de eletrografia e copy art esteja próxima da sua versão final, o que poderá vir a proporcionar uma discussão, não só em torno da “digitalização de fotocópias”, mas também da “receção digital de fotocópias”.
CV
Bruno Ministro é doutorando no Programa FCT em Materialidades da Literatura na Universidade de Coimbra, onde prepara, sob orientação de Manuel Portela e Rui Torres, uma tese de doutoramento intitulada Todas as cópias são originais: eletrografia e copy art em Portugal. Licenciado em Línguas Modernas (U. Coimbra) e mestre em Edição de Texto (U. Nova de Lisboa), é atualmente membro em formação do Centro de Literatura Portuguesa (U. Coimbra) e co-editor do Arquivo Digital da PO.EX (U. Fernando Pessoa). A sua investigação, assente no estudo da poesia experimental/visual, copy art e literatura eletrónica, ensaia uma triangulação entre os estudos literários, a teoria dos média e os estudos culturais. [hackingthetext.net]
CRISTINA ISABEL OLIVEIRA RAMOS
(Univ. Porto)
Um “ritmo que não despega da pele”: da referência intermedial à ekphrasis musical na poética de Ana Cristina Cesar
Considerando a relação entre a palavra poética e o cosmos musical e abordando o signo linguístico não apenas na sua dimensão palpável (visível através da mancha gráfica dos poemas), mas também na sua dimensão rítmico-sonora, tenciona-se explicitar a estreita proximidade que se verifica entre o trabalho estético de Ana Cristina Cesar e o universo do Jazz e do Blues – géneros musicais que influenciaram a sua vivência e, consequentemente, a sua poesia, de tal forma que vários dos seus textos líricos se apresentam enquanto exemplos de um processo que pensei poder qualificar como de ekphrasis musical. Assim, viso salientar que, apesar de não poder compor-se uma dada melodia com elementos verbais e criar poesia apenas com significantes esparsos, diversas técnicas respeitantes à composição musical podem ser introduzidas, ainda que devidamente adaptadas, num sistema estético distinto, beneficiando de uma paulatina porosidade medial.
CV
Cristina Oliveira Ramos é licenciada em Estudos Portugueses e Lusófonos, pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto e concluiu, na mesma instituição, o mestrado em Estudos Literários, Culturais e Interartes (variante de Literatura Portuguesa, Literaturas de Língua Portuguesa), com uma dissertação sobre poesia e hibridismo na obra de Ana Cristina Cesar. Brevemente, iniciará o 3º ciclo em Estudos Literários, Culturais e Interartísticos.
Um “ritmo que não despega da pele”: da referência intermedial à ekphrasis musical na poética de Ana Cristina Cesar
Considerando a relação entre a palavra poética e o cosmos musical e abordando o signo linguístico não apenas na sua dimensão palpável (visível através da mancha gráfica dos poemas), mas também na sua dimensão rítmico-sonora, tenciona-se explicitar a estreita proximidade que se verifica entre o trabalho estético de Ana Cristina Cesar e o universo do Jazz e do Blues – géneros musicais que influenciaram a sua vivência e, consequentemente, a sua poesia, de tal forma que vários dos seus textos líricos se apresentam enquanto exemplos de um processo que pensei poder qualificar como de ekphrasis musical. Assim, viso salientar que, apesar de não poder compor-se uma dada melodia com elementos verbais e criar poesia apenas com significantes esparsos, diversas técnicas respeitantes à composição musical podem ser introduzidas, ainda que devidamente adaptadas, num sistema estético distinto, beneficiando de uma paulatina porosidade medial.
CV
Cristina Oliveira Ramos é licenciada em Estudos Portugueses e Lusófonos, pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto e concluiu, na mesma instituição, o mestrado em Estudos Literários, Culturais e Interartes (variante de Literatura Portuguesa, Literaturas de Língua Portuguesa), com uma dissertação sobre poesia e hibridismo na obra de Ana Cristina Cesar. Brevemente, iniciará o 3º ciclo em Estudos Literários, Culturais e Interartísticos.
EVA MARIA DINIS
(CEC)
Maria Judite de Carvalho no Terceiro Espaço
O livro de contos Os Idólatras, de Maria Judite de Carvalho, permanece largamente inexplorado. Se, por um lado, revela as ansiedades e angústias associadas à condição feminina e às problemáticas da espacialidade/corpo que marcam as obras da autora, por outro, os seus temas apresentam uma nova faceta do seu trabalho, utilizando especulação social e científica. Proponho contextualizar Os Idólatras como ficção especulativa, numa tentativa de determinar como as disforias refletidas neste género literário podem ser relevantes para o pensamento distópico da autora. Irei explorar a capacidade da ficção especulativa de ligar o eixo real/hipotético (no qual estes receios se manifestam, através de conjeturas socio-políticas que questionam o futuro da humanidade) e o conceito de thirdspace de Soja. Argumento que a aplicação dos conceitos da trialética da espacialidade e thirdspace podem ser úteis para o desenvolvimento dos mundos possíveis da ficção especulativa. A localização conceptual de thirdspace permite articular um futuro especulado que debate as fronteiras da possibilidade científica, um lugar ficcional em que o real e o imaginário coexistem. Se o “primeiro espaço” é físico e o “segundo” pertence às representações mentais, um espaço terceiro é local de simultaneidade e expansão, múltiplo e contraditório, opressivo e libertador, reconhecido e irreconhecível.
CV
Eva Dinis é bolseira de doutoramento no Programa Internacional de Doutoramento FCT em Estudos Comparatistas - PHDCOMP do Centro de Estudos Comparatistas da FLUL. Foi Bolseira de Investigação no Projecto Internacional Playing Identities e participou no Projecto CILM, do CEC. Desenvolve investigação sobre a ficção especulativa de Maria Judite de Carvalho e Margaret Atwood enquanto “género interrogativo”, sob a orientação da Professora Susana Araújo. Integra actualmente a equipa do Projecto CILM II do CEC.
Maria Judite de Carvalho no Terceiro Espaço
O livro de contos Os Idólatras, de Maria Judite de Carvalho, permanece largamente inexplorado. Se, por um lado, revela as ansiedades e angústias associadas à condição feminina e às problemáticas da espacialidade/corpo que marcam as obras da autora, por outro, os seus temas apresentam uma nova faceta do seu trabalho, utilizando especulação social e científica. Proponho contextualizar Os Idólatras como ficção especulativa, numa tentativa de determinar como as disforias refletidas neste género literário podem ser relevantes para o pensamento distópico da autora. Irei explorar a capacidade da ficção especulativa de ligar o eixo real/hipotético (no qual estes receios se manifestam, através de conjeturas socio-políticas que questionam o futuro da humanidade) e o conceito de thirdspace de Soja. Argumento que a aplicação dos conceitos da trialética da espacialidade e thirdspace podem ser úteis para o desenvolvimento dos mundos possíveis da ficção especulativa. A localização conceptual de thirdspace permite articular um futuro especulado que debate as fronteiras da possibilidade científica, um lugar ficcional em que o real e o imaginário coexistem. Se o “primeiro espaço” é físico e o “segundo” pertence às representações mentais, um espaço terceiro é local de simultaneidade e expansão, múltiplo e contraditório, opressivo e libertador, reconhecido e irreconhecível.
CV
Eva Dinis é bolseira de doutoramento no Programa Internacional de Doutoramento FCT em Estudos Comparatistas - PHDCOMP do Centro de Estudos Comparatistas da FLUL. Foi Bolseira de Investigação no Projecto Internacional Playing Identities e participou no Projecto CILM, do CEC. Desenvolve investigação sobre a ficção especulativa de Maria Judite de Carvalho e Margaret Atwood enquanto “género interrogativo”, sob a orientação da Professora Susana Araújo. Integra actualmente a equipa do Projecto CILM II do CEC.
FERNANDO GARCIA VELASCO
(Univ. Porto - ILC)
As formas da morte: Herberto Helder, o estilo tardio e as intermedialidades
Há nos últimos livros de Herberto Helder significativas inflexões em relação ao conjunto de sua obra. No cerne destas mudanças, está a renovação dos sentidos de uma noção desde sempre central para a escrita do poeta: a de morte. No último Herberto Helder, então, convivem duas ideias de morte, às quais correspondem dois regimes da poesia. A eles se articulam particularidades estilísticas que ora deslocam ora reafirmam noções que estruturam toda a sua poética. Desta forma, o conceito de “estilo tardio”, tal como desenvolvido por Edward Said, na sequência de Theodor Adorno, se torna ponto de vista privilegiado para a leitura retrospectiva da obra de Herberto Helder. Nesta perspectiva, propõe-se uma investigação dos efeitos das inflexões tardias de sua poesia sobre as relações que mantém com outras artes e meios. Por um lado, interroga-se, com Adorno e Said, a importância de noções que a poesia compartilha com a música para a distinção dos regimes da morte em funcionamento no último Herberto Helder. Por outro, reflete-se sobre a maneira como as novas formas da morte permitem pensar também como uma espécie de fotografia os instantes mais tardios de uma poesia que entende a si mesma como um cinema das palavras.
CV
Fernando Velasco é doutorando em Estudos Literários Culturais e Interartísticos pela Universidade do Porto, onde integra o Instituto de Literatura Comparada Margarida Losa, como investigador não doutorado. É mestre em Comunicação e Cultura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Como argumentista de cinema e televisão, assina obras ficcionais e documentais.
As formas da morte: Herberto Helder, o estilo tardio e as intermedialidades
Há nos últimos livros de Herberto Helder significativas inflexões em relação ao conjunto de sua obra. No cerne destas mudanças, está a renovação dos sentidos de uma noção desde sempre central para a escrita do poeta: a de morte. No último Herberto Helder, então, convivem duas ideias de morte, às quais correspondem dois regimes da poesia. A eles se articulam particularidades estilísticas que ora deslocam ora reafirmam noções que estruturam toda a sua poética. Desta forma, o conceito de “estilo tardio”, tal como desenvolvido por Edward Said, na sequência de Theodor Adorno, se torna ponto de vista privilegiado para a leitura retrospectiva da obra de Herberto Helder. Nesta perspectiva, propõe-se uma investigação dos efeitos das inflexões tardias de sua poesia sobre as relações que mantém com outras artes e meios. Por um lado, interroga-se, com Adorno e Said, a importância de noções que a poesia compartilha com a música para a distinção dos regimes da morte em funcionamento no último Herberto Helder. Por outro, reflete-se sobre a maneira como as novas formas da morte permitem pensar também como uma espécie de fotografia os instantes mais tardios de uma poesia que entende a si mesma como um cinema das palavras.
CV
Fernando Velasco é doutorando em Estudos Literários Culturais e Interartísticos pela Universidade do Porto, onde integra o Instituto de Literatura Comparada Margarida Losa, como investigador não doutorado. É mestre em Comunicação e Cultura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Como argumentista de cinema e televisão, assina obras ficcionais e documentais.
INÊS ASSUNÇÃO GAMELAS
(Universidade de Aveiro (CLLC/UA) / Justus-Liebig Universität Gießen (JLU))
Representações do conflito de gerações e da convulsão académica de finais dos anos 60 na literatura europeia
A agitação estudantil de 1968 protagonizada pela geração jovem conheceu proporções geográficas ímpares, tendo-se tornado na primeira revolta global após a Segunda Guerra Mundial. No rescaldo da agitação nas ruas e universidades, a revolta estudantil ganhou vida na literatura. Na minha tese de doutoramento, proponho-me confrontar as figurações da juventude e a reencenação literária de confrontos geracionais na Europa Ocidental de finais dos anos 60 através de uma seleção representativa de romances, escritos e publicados entre 1968 e 1980, nos quais a vivência da contestação juvenil se constitua como pólo irradiador da diegese. Essa seleção, que contempla os espaços literários alemão, francês, italiano, espanhol e português, visa possibilitar um estudo alargado, interdisciplinar e transnacional, da literarisierte Revolte, ou seja, das representações literárias da agitação estudantil e das clivagens geracionais, socioculturais e políticas daquela época. Na esteira da proposta de Ansgar Nünning de uma «kulturwissenschaftliche Literaturwissenschaft» [estudo da literatura a partir de um prisma cultural], pretendo apresentar, na minha comunicação, as questões que modelam o confronto comparatístico do meu estudo, centradas no conflito de gerações, na utopia da transformação do mundo, na revolução de costumes e no significado de o que é ser jovem.
CV
Inês Assunção Gamelas é licenciada em Línguas, Literaturas e Culturas (Anglística e Germanística) na Universidade de Aveiro, no ano de 2008. Em 2010 concluiu, também em Aveiro, o Mestrado em Línguas, Literaturas e Culturas (Estudos Alemães), com a dissertação 1968 (e depois) – Representações da juventude nos romances Heiβer Sommer, de Uwe Timm, e Sem Tecto, entre Ruínas, de Augusto Abelaira. Encontra-se a realizar, desde 2012-2013, doutoramento em cotutela internacional, numa parceria entre a UA e a Universidade Justus-Liebig de Gießen, Alemanha.
Representações do conflito de gerações e da convulsão académica de finais dos anos 60 na literatura europeia
A agitação estudantil de 1968 protagonizada pela geração jovem conheceu proporções geográficas ímpares, tendo-se tornado na primeira revolta global após a Segunda Guerra Mundial. No rescaldo da agitação nas ruas e universidades, a revolta estudantil ganhou vida na literatura. Na minha tese de doutoramento, proponho-me confrontar as figurações da juventude e a reencenação literária de confrontos geracionais na Europa Ocidental de finais dos anos 60 através de uma seleção representativa de romances, escritos e publicados entre 1968 e 1980, nos quais a vivência da contestação juvenil se constitua como pólo irradiador da diegese. Essa seleção, que contempla os espaços literários alemão, francês, italiano, espanhol e português, visa possibilitar um estudo alargado, interdisciplinar e transnacional, da literarisierte Revolte, ou seja, das representações literárias da agitação estudantil e das clivagens geracionais, socioculturais e políticas daquela época. Na esteira da proposta de Ansgar Nünning de uma «kulturwissenschaftliche Literaturwissenschaft» [estudo da literatura a partir de um prisma cultural], pretendo apresentar, na minha comunicação, as questões que modelam o confronto comparatístico do meu estudo, centradas no conflito de gerações, na utopia da transformação do mundo, na revolução de costumes e no significado de o que é ser jovem.
CV
Inês Assunção Gamelas é licenciada em Línguas, Literaturas e Culturas (Anglística e Germanística) na Universidade de Aveiro, no ano de 2008. Em 2010 concluiu, também em Aveiro, o Mestrado em Línguas, Literaturas e Culturas (Estudos Alemães), com a dissertação 1968 (e depois) – Representações da juventude nos romances Heiβer Sommer, de Uwe Timm, e Sem Tecto, entre Ruínas, de Augusto Abelaira. Encontra-se a realizar, desde 2012-2013, doutoramento em cotutela internacional, numa parceria entre a UA e a Universidade Justus-Liebig de Gießen, Alemanha.
INÊS MADEIRA MARTINS COSTA
(Univ. Porto)
Adotar ou adaptar: a internacionalização da literatura infantojuvenil portuguesa contemporânea
Integrado no Programa Doutoral em Estudos Literários, o projeto de investigação que aqui se apresenta visa analisar o processo de internacionalização da literatura infantojuvenil (LIJ) portuguesa contemporânea, atentando nas transformações a que os livros são sujeitos em virtude de decisões editoriais que refletem, frequentemente, o contexto sociocultural e educativo do país de chegada, bem como a avaliação que é feita dos vários mediadores de leitura — e.g. pais e educadores, livreiros, bibliotecários, críticos, líderes de opinião — e das crianças e jovens enquanto destinatários finais. Depois de uma análise qualitativa e individual, que permitirá identificar os eixos ideotemáticos e as características técnico-formais das obras que constituem o corpus, impõe-se uma análise comparativa entre as edições portuguesas e as correspondentes edições estrangeiras. Esta abrangerá não só as componentes textual e pictórica, mas também os elementos peritextuais e as características de arquitetura e materialidade do suporte, reconhecendo-se a sua importância e potencialidade criativas. Nesta comunicação, apresentam-se exemplos resultantes de uma fase inicial da investigação que demonstram como as adaptações acarretam significados e transformam a unidade artística, permitindo antever diferentes posicionamentos editoriais dos países e culturas recetores face às vertentes de qualidade estética (visual e literária), ludicidade e formatividade que enformam a LIJ.
CV
Inês Costa licenciou-se em Engenharia Civil pela Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (2006) e concluiu o mestrado em Estudos Editoriais na Universidade de Aveiro (2017). É, atualmente, doutoranda em Estudos Literários, na mesma instituição, e investigadora em formação no Centro de Línguas, Literaturas e Culturas, onde também colabora ao abrigo de uma bolsa de Gestão de Ciência e Tecnologia. Dedica a sua investigação à literatura infantojuvenil, em particular aos fenómenos de transfer cultural e mediação literária.
Adotar ou adaptar: a internacionalização da literatura infantojuvenil portuguesa contemporânea
Integrado no Programa Doutoral em Estudos Literários, o projeto de investigação que aqui se apresenta visa analisar o processo de internacionalização da literatura infantojuvenil (LIJ) portuguesa contemporânea, atentando nas transformações a que os livros são sujeitos em virtude de decisões editoriais que refletem, frequentemente, o contexto sociocultural e educativo do país de chegada, bem como a avaliação que é feita dos vários mediadores de leitura — e.g. pais e educadores, livreiros, bibliotecários, críticos, líderes de opinião — e das crianças e jovens enquanto destinatários finais. Depois de uma análise qualitativa e individual, que permitirá identificar os eixos ideotemáticos e as características técnico-formais das obras que constituem o corpus, impõe-se uma análise comparativa entre as edições portuguesas e as correspondentes edições estrangeiras. Esta abrangerá não só as componentes textual e pictórica, mas também os elementos peritextuais e as características de arquitetura e materialidade do suporte, reconhecendo-se a sua importância e potencialidade criativas. Nesta comunicação, apresentam-se exemplos resultantes de uma fase inicial da investigação que demonstram como as adaptações acarretam significados e transformam a unidade artística, permitindo antever diferentes posicionamentos editoriais dos países e culturas recetores face às vertentes de qualidade estética (visual e literária), ludicidade e formatividade que enformam a LIJ.
CV
Inês Costa licenciou-se em Engenharia Civil pela Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (2006) e concluiu o mestrado em Estudos Editoriais na Universidade de Aveiro (2017). É, atualmente, doutoranda em Estudos Literários, na mesma instituição, e investigadora em formação no Centro de Línguas, Literaturas e Culturas, onde também colabora ao abrigo de uma bolsa de Gestão de Ciência e Tecnologia. Dedica a sua investigação à literatura infantojuvenil, em particular aos fenómenos de transfer cultural e mediação literária.
JOANA FILIPA ABREU DE CASTAÑO
(Univ. Nova de Lisboa - IELT / Univ. Oviedo)
A reforma da comédia ibérica setecentista: Figueiredo vs. Moratín
Circunscritos aos respetivos territórios nacionais, os árcades Manuel de Figueiredo (1725-1801) e Nicolás Fernández de Moratín (1737-1780) participaram na renovação teatral ocorrida durante a segunda metade do século XVIII nas duas nações ibéricas, Portugal e Espanha. Se na obra do dramaturgo português se destacam as peças cómicas, já na de Moratín, autor cuja produção se revela menos prolixa, domina o género trágico. Não obstante, Moratín é também autor de uma comédia, La petimetra (1762), que nunca chegou a subir aos palcos, tal como o amplo Teatro de Figueiredo, exceção feita a Os perigos da educação (1774). No presente trabalho, partindo dos discursos que antecedem a comédia espanhola acima mencionada e A mulher que o não parece (1774) do autor português, procuraremos discutir em que medida a produção teórica de ambos os autores atesta o projeto reformista do teatro nacional, em particular da comédia, e, igualmente, identificar aspetos de convergência ou rutura entre as referidas peças, considerando tanto aspetos formais como temáticos.
CV
Joana Castaño é bolseira da Fundação para a Ciência e Tecnologia, estando a desenvolver o seu doutoramento sobre temas espanhóis na obra dramática de Manuel de Figueiredo na Universidade Nova de Lisboa e na Universidade de Oviedo. É licenciada em Estudos Portugueses (2005) e Mestre em Ensino do Português como Língua Segunda e Estrangeira pela Universidade Nova de Lisboa (2010). Desempenhou funções de leitora do Instituto Camões em São Tomé e Príncipe e em Espanha (2010-2018).
A reforma da comédia ibérica setecentista: Figueiredo vs. Moratín
Circunscritos aos respetivos territórios nacionais, os árcades Manuel de Figueiredo (1725-1801) e Nicolás Fernández de Moratín (1737-1780) participaram na renovação teatral ocorrida durante a segunda metade do século XVIII nas duas nações ibéricas, Portugal e Espanha. Se na obra do dramaturgo português se destacam as peças cómicas, já na de Moratín, autor cuja produção se revela menos prolixa, domina o género trágico. Não obstante, Moratín é também autor de uma comédia, La petimetra (1762), que nunca chegou a subir aos palcos, tal como o amplo Teatro de Figueiredo, exceção feita a Os perigos da educação (1774). No presente trabalho, partindo dos discursos que antecedem a comédia espanhola acima mencionada e A mulher que o não parece (1774) do autor português, procuraremos discutir em que medida a produção teórica de ambos os autores atesta o projeto reformista do teatro nacional, em particular da comédia, e, igualmente, identificar aspetos de convergência ou rutura entre as referidas peças, considerando tanto aspetos formais como temáticos.
CV
Joana Castaño é bolseira da Fundação para a Ciência e Tecnologia, estando a desenvolver o seu doutoramento sobre temas espanhóis na obra dramática de Manuel de Figueiredo na Universidade Nova de Lisboa e na Universidade de Oviedo. É licenciada em Estudos Portugueses (2005) e Mestre em Ensino do Português como Língua Segunda e Estrangeira pela Universidade Nova de Lisboa (2010). Desempenhou funções de leitora do Instituto Camões em São Tomé e Príncipe e em Espanha (2010-2018).
JOÃO PAULO GUIMARÃES
(Univ. Porto - ILC)
Paint the Desert Pink: Islam, Homosexuality and Kazim Ali’s Living Scripture
In this paper I draw upon Islamic philosophy and mysticism to read the work of American poet Kazim Ali, a gay Muslim who mobilizes the cross-cultural tradition of the “divine Word” to reassess the place of homosexuality in the Islamic community. I claim that Ali’s compositions show us that there is continuity between divine, natural and poetic language and that it is through the actions of his creatures that God’s scripture goes on writing itself. Ali fleshes out the social implications of Islam’s “lettristic” tradition, showing us the religion allows room for the kind of broad-minded views about natural diversity and sexuality that some critics accuse the West of exporting onto Islamic countries.
CV
João Paulo Guimarães doutorou-se em Inglês na Universidade de Buffalo. O seu trabalho estuda os pontos de ligação entre a poesia contemporânea, a ciência e a ecologia. Interessa-se particularmente pela relação entre a linguagem poética e as chamadas “linguagens da natureza” (a palavra de Deus, o código genético, a cibernética, a biosemiótica, etc.). As suas publicações abordam também temas como o “humor da natureza”, a “ecofobia”, o “experimentalismo escapista”, a “ciência da autenticidade” e a “poesia do sono”. É bolseiro de investigação no ILCML.
Paint the Desert Pink: Islam, Homosexuality and Kazim Ali’s Living Scripture
In this paper I draw upon Islamic philosophy and mysticism to read the work of American poet Kazim Ali, a gay Muslim who mobilizes the cross-cultural tradition of the “divine Word” to reassess the place of homosexuality in the Islamic community. I claim that Ali’s compositions show us that there is continuity between divine, natural and poetic language and that it is through the actions of his creatures that God’s scripture goes on writing itself. Ali fleshes out the social implications of Islam’s “lettristic” tradition, showing us the religion allows room for the kind of broad-minded views about natural diversity and sexuality that some critics accuse the West of exporting onto Islamic countries.
CV
João Paulo Guimarães doutorou-se em Inglês na Universidade de Buffalo. O seu trabalho estuda os pontos de ligação entre a poesia contemporânea, a ciência e a ecologia. Interessa-se particularmente pela relação entre a linguagem poética e as chamadas “linguagens da natureza” (a palavra de Deus, o código genético, a cibernética, a biosemiótica, etc.). As suas publicações abordam também temas como o “humor da natureza”, a “ecofobia”, o “experimentalismo escapista”, a “ciência da autenticidade” e a “poesia do sono”. É bolseiro de investigação no ILCML.
JOÃO SANTOS
(Univ. Porto )
Uma Defesa da Comida como um dos temas centrais da saga Harry Potter
No âmbito dos Food Studies, campo de estudos emergente em Portugal, proponho-me fazer uma breve apresentação do tratamento dos espaços da comida na saga Harry Potter. Apesar da grande atenção que a série recebe, quer no âmbito nacional quer internacional, não existe um estudo aprofundado da comida, academicamente falando. Esta é uma das lacunas que tenciono preencher e, por conseguinte, demonstrar como a comida é importante, não só para o desenvolvimento do enredo, mas também para a caracterização de espaços e personagens da série. Adicionalmente, tenciono analisar, em termos dos Estudos Comparatísticos, a forma como a comida é tratada em contexto Britânico e a receção do mesmo tratamento em Portugal. Para tal irei apelar a estudos teóricos da série Harry Potter feitos por David Colbert, William Irwin e Gregory Bassham. Estes serão combinados com teoria da comida estudada e divulgada por nomes tais como Massimo Montanari e Paolo Corvo.
CV
João Santos é estudante do DELCI na FLUP. Tem licenciatura em Línguas, Literaturas e Culturas e Mestrado em Estudos Anglo-Americanos ambos pela FLUP. A sua dissertação de Mestrado foi sobre a série Harry Potter e é intitulada: “Os Talismãs da Vida: Magia, Religião e Ciência na Saga Harry Potter.” No seu doutoramento, está a desenvolver a sua tese também sobre Harry Potter, mas, desta vez, no âmbito das Digital Humanities, Spatiality Studies e Food Studies. Adicionalmente, realiza a sua tese no âmbito do projeto Alimentopia: Utopian Foodways. O seu objetivo é analisar os espaços da comida da saga e ver como estes influenciam as personagens (quer positiva, quer negativamente). Os seus interesses mais gerais são literatura e cultura inglesa dos séculos XX e XXI com foco na literatura de fantasia.
Uma Defesa da Comida como um dos temas centrais da saga Harry Potter
No âmbito dos Food Studies, campo de estudos emergente em Portugal, proponho-me fazer uma breve apresentação do tratamento dos espaços da comida na saga Harry Potter. Apesar da grande atenção que a série recebe, quer no âmbito nacional quer internacional, não existe um estudo aprofundado da comida, academicamente falando. Esta é uma das lacunas que tenciono preencher e, por conseguinte, demonstrar como a comida é importante, não só para o desenvolvimento do enredo, mas também para a caracterização de espaços e personagens da série. Adicionalmente, tenciono analisar, em termos dos Estudos Comparatísticos, a forma como a comida é tratada em contexto Britânico e a receção do mesmo tratamento em Portugal. Para tal irei apelar a estudos teóricos da série Harry Potter feitos por David Colbert, William Irwin e Gregory Bassham. Estes serão combinados com teoria da comida estudada e divulgada por nomes tais como Massimo Montanari e Paolo Corvo.
CV
João Santos é estudante do DELCI na FLUP. Tem licenciatura em Línguas, Literaturas e Culturas e Mestrado em Estudos Anglo-Americanos ambos pela FLUP. A sua dissertação de Mestrado foi sobre a série Harry Potter e é intitulada: “Os Talismãs da Vida: Magia, Religião e Ciência na Saga Harry Potter.” No seu doutoramento, está a desenvolver a sua tese também sobre Harry Potter, mas, desta vez, no âmbito das Digital Humanities, Spatiality Studies e Food Studies. Adicionalmente, realiza a sua tese no âmbito do projeto Alimentopia: Utopian Foodways. O seu objetivo é analisar os espaços da comida da saga e ver como estes influenciam as personagens (quer positiva, quer negativamente). Os seus interesses mais gerais são literatura e cultura inglesa dos séculos XX e XXI com foco na literatura de fantasia.
JORGE MANUEL COSTA LOPES
(Univ. Porto - ILC)
Na margem: entre a admiração e a emulação – as marginalia de Vergílio Ferreira
O objetivo do nosso trabalho é destacar as marginalia de Vergílio Ferreira em alguns livros da sua biblioteca particular, numa análise comparativa e no seguimento da investigação que desenvolvemos para a concretização da nossa tese de doutoramento. Daremos, assim, atenção a uma parte dos comentários e sublinhados que se encontram em livros de Jaspers, Ortega y Gasset, Malraux e Sartre, autores que marcam a viragem do seu romance neorrealista para aquele de matriz existencial ou metafísica. Vergílio Ferreira traduziu, aliás, originais dos dois últimos autores, no período mais assumidamente existencialista do seu romance de ideias e do seu ensaísmo. Estas marginalia não registam, porém, somente a admiração e o entusiasmo por estes ou outros autores, mas também a emulação, a que se associa, por vezes, a nota polémica. Como já foi referido por outros estudiosos, o escritor português consegue até “encontrar” a “marca” da sua escrita e pensamento nestes e noutros autores. As marginalia vergilianas são ainda – como referiu Telê Ancona Lopez, nos seus estudos sobre Mário de Andrade – um material crítico-genético da sua obra ficcional, ensaística e diarística.
CV
Doutorado em Estudos Literários, Culturais e Interartísticos pela FLUP - Faculdade de Letras da Universidade do Porto. É atualmente membro integrado do ILCML – Instituto de Literatura Comparada Margarida Losa da FLUP. Venceu os prémios Literários Vergílio Ferreira, do Município de Gouveia, e Ensaio/Revelação de 2005 da APE/DGLB. Autor de: Sobre o Riso e o Cómico em Vergílio Ferreira (Âncora, 2014) e As Polémicas de Vergílio Ferreira (Difel, 2010).
Na margem: entre a admiração e a emulação – as marginalia de Vergílio Ferreira
O objetivo do nosso trabalho é destacar as marginalia de Vergílio Ferreira em alguns livros da sua biblioteca particular, numa análise comparativa e no seguimento da investigação que desenvolvemos para a concretização da nossa tese de doutoramento. Daremos, assim, atenção a uma parte dos comentários e sublinhados que se encontram em livros de Jaspers, Ortega y Gasset, Malraux e Sartre, autores que marcam a viragem do seu romance neorrealista para aquele de matriz existencial ou metafísica. Vergílio Ferreira traduziu, aliás, originais dos dois últimos autores, no período mais assumidamente existencialista do seu romance de ideias e do seu ensaísmo. Estas marginalia não registam, porém, somente a admiração e o entusiasmo por estes ou outros autores, mas também a emulação, a que se associa, por vezes, a nota polémica. Como já foi referido por outros estudiosos, o escritor português consegue até “encontrar” a “marca” da sua escrita e pensamento nestes e noutros autores. As marginalia vergilianas são ainda – como referiu Telê Ancona Lopez, nos seus estudos sobre Mário de Andrade – um material crítico-genético da sua obra ficcional, ensaística e diarística.
CV
Doutorado em Estudos Literários, Culturais e Interartísticos pela FLUP - Faculdade de Letras da Universidade do Porto. É atualmente membro integrado do ILCML – Instituto de Literatura Comparada Margarida Losa da FLUP. Venceu os prémios Literários Vergílio Ferreira, do Município de Gouveia, e Ensaio/Revelação de 2005 da APE/DGLB. Autor de: Sobre o Riso e o Cómico em Vergílio Ferreira (Âncora, 2014) e As Polémicas de Vergílio Ferreira (Difel, 2010).
LÚCIA LIBERATO EVANGELISTA
(Univ. Porto - ILC)
Chefe, senhor, pai: «filho-da-puta». O ubuesco em Alberto Pimenta.
«Creio que existe uma categoria precisa; em todo caso dever-se-ia definir uma categoria precisa da análise histórico-política que seria a categoria do grotesco ou do ubuesco», afirma Michel Foucault (1975: 15). Traçando uma genealogia da «normalização», Foucault partirá de uma análise dos enunciados que «têm (…) a curiosa propriedade de ser alheios a todas as regras, mesmo as mais elementares, de formação do discurso científico; de ser também alheios às regras do direito e de serem, no sentido estrito, grotescos» (idem). Grotescos, e no entanto e no mesmo sentido, discursos «de verdade», discursos que «podem matar», conforme destaca ainda Foucault. Em diálogo com o ubuesco foucaultiano, a minha comunicação buscará pensar a obra do poeta, crítico e performer português Alberto Pimenta. Em A.P. vemos figuras de poder — o deus, o chefe, o intelectual, o polícia — em papéis cómicos, ridículos sem por isso deixarem de exercer e efetivar seus discursos de verdade. Pensando com Foucault que a «indignidade do poder» não faz restringir a sua efetividade, mas, ao contrário, manifesta-o em sua «incontornabilidade e sua inevitablidade», como se pode ler uma política de resistência na obra de Alberto Pimenta?
CV
Universidade do Porto. Instituto de Literatura Comparada Margarida Losa. Instituto de Filosofia. Doutoranda em Estudos Literários, Culturais e Interartítiscos com estudo financiado por Fundos Nacionais através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, no âmbito do Programa Estratégico “UID/ELT/00500/2013” e por Fundos FEDER através do Programa Operacional Fatores de Competitividade – COMPETE “POCI - 01 - 0145 - FEDER - 007339”.
Chefe, senhor, pai: «filho-da-puta». O ubuesco em Alberto Pimenta.
«Creio que existe uma categoria precisa; em todo caso dever-se-ia definir uma categoria precisa da análise histórico-política que seria a categoria do grotesco ou do ubuesco», afirma Michel Foucault (1975: 15). Traçando uma genealogia da «normalização», Foucault partirá de uma análise dos enunciados que «têm (…) a curiosa propriedade de ser alheios a todas as regras, mesmo as mais elementares, de formação do discurso científico; de ser também alheios às regras do direito e de serem, no sentido estrito, grotescos» (idem). Grotescos, e no entanto e no mesmo sentido, discursos «de verdade», discursos que «podem matar», conforme destaca ainda Foucault. Em diálogo com o ubuesco foucaultiano, a minha comunicação buscará pensar a obra do poeta, crítico e performer português Alberto Pimenta. Em A.P. vemos figuras de poder — o deus, o chefe, o intelectual, o polícia — em papéis cómicos, ridículos sem por isso deixarem de exercer e efetivar seus discursos de verdade. Pensando com Foucault que a «indignidade do poder» não faz restringir a sua efetividade, mas, ao contrário, manifesta-o em sua «incontornabilidade e sua inevitablidade», como se pode ler uma política de resistência na obra de Alberto Pimenta?
CV
Universidade do Porto. Instituto de Literatura Comparada Margarida Losa. Instituto de Filosofia. Doutoranda em Estudos Literários, Culturais e Interartítiscos com estudo financiado por Fundos Nacionais através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, no âmbito do Programa Estratégico “UID/ELT/00500/2013” e por Fundos FEDER através do Programa Operacional Fatores de Competitividade – COMPETE “POCI - 01 - 0145 - FEDER - 007339”.
PATRÍCIA LINO
(Univ. of California, Santa Barbara)
EXERCÍCIO ENIGMAGÉTICO. Imagem, visualidade e tradução inter-semiótica na poesia brasileira
Exercício enigmagético, tese de doutoramento desenvolvida no programa de português do Department of Spanish and Portuguese da University of California, Santa Barbara, propõe a abordagem comparativa, teórica e visual de vários(as) autores(as) brasileiros(as) que produziram obras de caráter interdisciplinar entre os anos 20 e os anos 70. A interdisciplinaridade dos trabalhos produzidos entre tais décadas questiona a efetividade dos instrumentos académicos atuais e exige, ao mesmo tempo, a reelaboração dos instrumentos analíticos da crítica literária. Resposta direta a tal necessidade, Exercício enigmagético reúne vários exercícios de interpretação a partir da transformação, apropriação, recusa ou correção da linguagem verbo-voco-visual contida nos textos e/ou objetos poéticos de Oswald de Andrade, Tarsila do Amaral, grupo Noigandres, Ferreira Gullar, Wlademir Dias-Pino, Eduardo Kac; entre outros(as). A constante e quase obsessiva negação da tendência logocêntrica, acompanhada da destruição do discurso mono-disciplinar, parece seguir, no contexto da poesia brasileira, um percurso gradual: a ilustração modernista1 (a imagem que ilustra o poema e o poema que ilumina a imagem compõem o livro), a palavra concreta (imagem e texto compõem, inseparáveis, o poema), a palavra praxis (ou imagem léxicofonética), a palavra neoconcreta (objeto textual, visual e tridimensional), a palavra ave (poema/processo) e a palavra performática (holopoema e poema espacial).
CV
Patrícia Lino é licenciada em Clássicas e mestre em Estudos Literários, Culturais e Interartes pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Ensina e é finalista do doutoramento em Literatura Brasileira na University of California, Santa Barbara.
EXERCÍCIO ENIGMAGÉTICO. Imagem, visualidade e tradução inter-semiótica na poesia brasileira
Exercício enigmagético, tese de doutoramento desenvolvida no programa de português do Department of Spanish and Portuguese da University of California, Santa Barbara, propõe a abordagem comparativa, teórica e visual de vários(as) autores(as) brasileiros(as) que produziram obras de caráter interdisciplinar entre os anos 20 e os anos 70. A interdisciplinaridade dos trabalhos produzidos entre tais décadas questiona a efetividade dos instrumentos académicos atuais e exige, ao mesmo tempo, a reelaboração dos instrumentos analíticos da crítica literária. Resposta direta a tal necessidade, Exercício enigmagético reúne vários exercícios de interpretação a partir da transformação, apropriação, recusa ou correção da linguagem verbo-voco-visual contida nos textos e/ou objetos poéticos de Oswald de Andrade, Tarsila do Amaral, grupo Noigandres, Ferreira Gullar, Wlademir Dias-Pino, Eduardo Kac; entre outros(as). A constante e quase obsessiva negação da tendência logocêntrica, acompanhada da destruição do discurso mono-disciplinar, parece seguir, no contexto da poesia brasileira, um percurso gradual: a ilustração modernista1 (a imagem que ilustra o poema e o poema que ilumina a imagem compõem o livro), a palavra concreta (imagem e texto compõem, inseparáveis, o poema), a palavra praxis (ou imagem léxicofonética), a palavra neoconcreta (objeto textual, visual e tridimensional), a palavra ave (poema/processo) e a palavra performática (holopoema e poema espacial).
CV
Patrícia Lino é licenciada em Clássicas e mestre em Estudos Literários, Culturais e Interartes pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Ensina e é finalista do doutoramento em Literatura Brasileira na University of California, Santa Barbara.
RENATA FLAIBAN ZANETE
(Univ. Minho)
Meninas entre o teatro e o circo – Estudo comparativo de Meia Hora para Mudar a Minha Vida de Alice Vieira e Corda Bamba de Lygia Bojunga
Este estudo comparativo das obras literárias Meia Hora para Mudar a Minha Vida (2010), da autora portuguesa Alice Vieira e Corda Bamba (1988), da autora brasileira Lygia Bojunga, traz à tona a passagem da infância à adolescência na vida de duas meninas, protagonistas das narrativas. Analisamos as narrativas e situações à luz dos conceitos de heterotopia, de Michel Foucault, identidade, de Stuart Hall e transculturalidade de Wolfgang Welsch. As duas obras literárias foram escritas para jovens leitores e retratam a vida das personagens principais em espaços heterotópicos como uma comunidade de atores chamada “Feira” e o espaço do circo. Ambas têm que enfrentar a morte, ao perderem os pais, e passam a lidar com outros modelos de relacionamentos, mais tradicionais, nas casas das avós. Estes choques culturais e as rupturas com os espaços heterotópicos interferem diretamente na construção da identidade das garotas. A escola e a assistência social, instituições tradicionais da sociedade, têm dificuldade para compreender e aceitar o modo como se dão as relações interpessoais nos ambientes mais libertários, o que acaba por gerar situações cômicas e dramáticas ao longo das narrativas. A falência dos aparelhos instituídos são reveladas pelos olhares das meninas e dos artistas.
CV
Renata Flaiban Zanete é licenciada em Pedagogia pela Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo e mestra pela mesma instituição. Doutoranda do Programa Doutoral em Modernidades Comparadas: Literaturas, Artes e Culturas, no ILCH, na Universidade do Minho. Atuou como docente na pós-graduação Uni-FMU e em projetos de formação de professores, no Brasil, nas áreas da Literatura Infantil, A Arte de Contar Histórias e Arte na Educação. Atriz, produtora e pesquisadora, fundou a Companhia Rodamoinho de teatro agora sediada em Braga.
Meninas entre o teatro e o circo – Estudo comparativo de Meia Hora para Mudar a Minha Vida de Alice Vieira e Corda Bamba de Lygia Bojunga
Este estudo comparativo das obras literárias Meia Hora para Mudar a Minha Vida (2010), da autora portuguesa Alice Vieira e Corda Bamba (1988), da autora brasileira Lygia Bojunga, traz à tona a passagem da infância à adolescência na vida de duas meninas, protagonistas das narrativas. Analisamos as narrativas e situações à luz dos conceitos de heterotopia, de Michel Foucault, identidade, de Stuart Hall e transculturalidade de Wolfgang Welsch. As duas obras literárias foram escritas para jovens leitores e retratam a vida das personagens principais em espaços heterotópicos como uma comunidade de atores chamada “Feira” e o espaço do circo. Ambas têm que enfrentar a morte, ao perderem os pais, e passam a lidar com outros modelos de relacionamentos, mais tradicionais, nas casas das avós. Estes choques culturais e as rupturas com os espaços heterotópicos interferem diretamente na construção da identidade das garotas. A escola e a assistência social, instituições tradicionais da sociedade, têm dificuldade para compreender e aceitar o modo como se dão as relações interpessoais nos ambientes mais libertários, o que acaba por gerar situações cômicas e dramáticas ao longo das narrativas. A falência dos aparelhos instituídos são reveladas pelos olhares das meninas e dos artistas.
CV
Renata Flaiban Zanete é licenciada em Pedagogia pela Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo e mestra pela mesma instituição. Doutoranda do Programa Doutoral em Modernidades Comparadas: Literaturas, Artes e Culturas, no ILCH, na Universidade do Minho. Atuou como docente na pós-graduação Uni-FMU e em projetos de formação de professores, no Brasil, nas áreas da Literatura Infantil, A Arte de Contar Histórias e Arte na Educação. Atriz, produtora e pesquisadora, fundou a Companhia Rodamoinho de teatro agora sediada em Braga.
SILVIA JULIANA HÉGÉLE
(Univ. de Haute-Alsace)
Comparatismo en Femenino
Para este segundo encuentro de Jóvenes Investigadores en Literatura comparada (EJICOMP II), propongo como tema de comunicación una reflexión sobre la literatura comparada en femenino. ¿Qué podemos decir de la mujer como sujeto comparante (TOUDOIRE-SURLAPIERRE, 2013), confrontada a un corpus de analisis totalement femenino? Comenzaré por preguntarme si en este momento de la histoira, es pertinente abordar el estudio comparativo desde un punto de vista femenino, interrogando “lo fémenino” desde la perspectiva de Wladimir Granoff, es decir, como elemente estructurante del pensamiento(GRANOFF, 2004). ¿En el campo de la literatura comparada la especificidad femenina juega un papel particular? Debemos recordar que con la eclosión de este método de analisis, de um lado, ampliaram-se os instrumentais críticos, de outro, nossa atenção, desviada dos cãnones estabelecidos, voltou-se para a escrita de mulheres, para os textos marginalizados, para as obras em tradução, abrindo em definitivo o leque dos objetos de investigação e da interpretação crítica.(FRANCO CARVALHAL, 1994, p. 151). ¿Cómo la mujer aborda e interpreta un texto escrito por una mujer? Con el propósito de desarrollar esta problemática, trabajaremos la noción de deseo de comparación (ROUDINESCO; PLON, 2011) en la mujer y lo que sucede cuando esta se confronta al otro-femenino. Después, presentaré mi trabajo de investigación comparativa de los diarios íntimos de Alejandra Pizarnik, Virginia Woolf y Sylvia Plath bajo el nombre de “triada femenina” como un ejemplo a las consideraciones teóricas abordadas al principio.
CV
Silvia Juliana Hégéle: Cum Laude Español y Literatura, cursó estudios de maestría en Culturas Literarias Europeas en la Université de Strasbourg y en Italianística, Literatura y Ciencias del lenguaje en la Università di Bologna. Escribe una tesis de Literatura comparada en la Université de Haute-Alsace sobre los diarios de Virginia Woolf, Sylvia Plath y Alejandra Pizarnik, bajo la dirección de la comparatista francesa y directora del Institut de Langues et Littératures Européennes (ILLE), Frédérique Toudoire-Surlapierre. Su investigación se centra en la escritura femenina del siglo XX desde perspectivas psicoanalíticas, sociológicas y discursivas.
Comparatismo en Femenino
Para este segundo encuentro de Jóvenes Investigadores en Literatura comparada (EJICOMP II), propongo como tema de comunicación una reflexión sobre la literatura comparada en femenino. ¿Qué podemos decir de la mujer como sujeto comparante (TOUDOIRE-SURLAPIERRE, 2013), confrontada a un corpus de analisis totalement femenino? Comenzaré por preguntarme si en este momento de la histoira, es pertinente abordar el estudio comparativo desde un punto de vista femenino, interrogando “lo fémenino” desde la perspectiva de Wladimir Granoff, es decir, como elemente estructurante del pensamiento(GRANOFF, 2004). ¿En el campo de la literatura comparada la especificidad femenina juega un papel particular? Debemos recordar que con la eclosión de este método de analisis, de um lado, ampliaram-se os instrumentais críticos, de outro, nossa atenção, desviada dos cãnones estabelecidos, voltou-se para a escrita de mulheres, para os textos marginalizados, para as obras em tradução, abrindo em definitivo o leque dos objetos de investigação e da interpretação crítica.(FRANCO CARVALHAL, 1994, p. 151). ¿Cómo la mujer aborda e interpreta un texto escrito por una mujer? Con el propósito de desarrollar esta problemática, trabajaremos la noción de deseo de comparación (ROUDINESCO; PLON, 2011) en la mujer y lo que sucede cuando esta se confronta al otro-femenino. Después, presentaré mi trabajo de investigación comparativa de los diarios íntimos de Alejandra Pizarnik, Virginia Woolf y Sylvia Plath bajo el nombre de “triada femenina” como un ejemplo a las consideraciones teóricas abordadas al principio.
CV
Silvia Juliana Hégéle: Cum Laude Español y Literatura, cursó estudios de maestría en Culturas Literarias Europeas en la Université de Strasbourg y en Italianística, Literatura y Ciencias del lenguaje en la Università di Bologna. Escribe una tesis de Literatura comparada en la Université de Haute-Alsace sobre los diarios de Virginia Woolf, Sylvia Plath y Alejandra Pizarnik, bajo la dirección de la comparatista francesa y directora del Institut de Langues et Littératures Européennes (ILLE), Frédérique Toudoire-Surlapierre. Su investigación se centra en la escritura femenina del siglo XX desde perspectivas psicoanalíticas, sociológicas y discursivas.
SIRLENE CRISTÓFANO
(Univ. do Porto - CITCEM)
A Biblioterapia na Literatura Infanto-Juvenil: A Obra de Ana Luísa Amaral e Lygia Bojunga
Para a autora Ana Luísa Amaral, “a escrita é uma medicina” (AMARAL, apud SOUZA, 2014: 73). Já, Lygia Bojunga, por meio da sua literatura, quer que o leitor entenda melhor o mundo complexo e resolva, na medida em que são inúteis ou solucionáveis, os problemas do ser humano. Ambas ajudam o leitor a colocar “ordem em suas emoções”, funcionando assim como Biblioterapia. Partindo deste ponto, as obras infantis das autoras, como arte que permite o leitor a explorar os seus próprios problemas, funcionam como terapia, ou seja, como prática interpretativa que visa, não apenas o conhecimento do texto, mas também o conhecimento do eu e o seu equilíbrio emocional. Esta comunicação pretende observar o cotejo entre duas escritoras contemporâneas, de tempo e espaços geográficos bem diferentes – Ana Luísa Amaral e Lygia Bojunga – permitir-nos-á compreender como a construção dos seus universos simbólicos visa uma estratégia retórica comum e partilhável, valorizam o sujeito com as suas diferenças, possibilitam o reconhecimento das idiossincrasias, permitem que a personagem se observe, conduzem a que o indivíduo se constitua para além das aparências e, ao mesmo tempo descubra “o outro”.
CV
Sirlene Cristófano, autora de Literatura Infantil e de vários artigos no âmbito da Literatura, Educação e Psicologia. Doutora em estudos Literários e Culturais, pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto- FLUP, Portugal. Membro do CITCEM - Centro de Investigação Transdisciplinar Cultura, Espaço e Memória financiado por Fundos Nacionais através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia no âmbito do projecto PEst-OE/HIS/UI4059/2018.
A Biblioterapia na Literatura Infanto-Juvenil: A Obra de Ana Luísa Amaral e Lygia Bojunga
Para a autora Ana Luísa Amaral, “a escrita é uma medicina” (AMARAL, apud SOUZA, 2014: 73). Já, Lygia Bojunga, por meio da sua literatura, quer que o leitor entenda melhor o mundo complexo e resolva, na medida em que são inúteis ou solucionáveis, os problemas do ser humano. Ambas ajudam o leitor a colocar “ordem em suas emoções”, funcionando assim como Biblioterapia. Partindo deste ponto, as obras infantis das autoras, como arte que permite o leitor a explorar os seus próprios problemas, funcionam como terapia, ou seja, como prática interpretativa que visa, não apenas o conhecimento do texto, mas também o conhecimento do eu e o seu equilíbrio emocional. Esta comunicação pretende observar o cotejo entre duas escritoras contemporâneas, de tempo e espaços geográficos bem diferentes – Ana Luísa Amaral e Lygia Bojunga – permitir-nos-á compreender como a construção dos seus universos simbólicos visa uma estratégia retórica comum e partilhável, valorizam o sujeito com as suas diferenças, possibilitam o reconhecimento das idiossincrasias, permitem que a personagem se observe, conduzem a que o indivíduo se constitua para além das aparências e, ao mesmo tempo descubra “o outro”.
CV
Sirlene Cristófano, autora de Literatura Infantil e de vários artigos no âmbito da Literatura, Educação e Psicologia. Doutora em estudos Literários e Culturais, pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto- FLUP, Portugal. Membro do CITCEM - Centro de Investigação Transdisciplinar Cultura, Espaço e Memória financiado por Fundos Nacionais através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia no âmbito do projecto PEst-OE/HIS/UI4059/2018.
TIAGO CLARIANO
(Univ. Lisboa)
A sorte de cair na Decadência
Esta comunicação pretende contribuir para uma discussão da intervenção do acaso na literatura decadentista. Algumas ideias partem de pressupostos estatísticos ou probabilísticos, como a ideia de moda (à qual se podem associar as normas sociais) e de desvio padrão (de que a literatura decadentista é agente). Se os decadentistas, pelo seu comportamento não devem ser tomados por role-models sociais, então desviam-se de um padrão pressuposto e os resultados das suas experiências desviantes não se configuram como moda, mas como desvio. Nesta comunicação vai falar-se d’As Flores do Mal de Charles Baudelaire, da conclusão ao estudo acerca do renascimento de Walter Pater e referir-se as obras The picture of Dorian Grey de Oscar Wilde, À Rebours de Joris-Karl Huysmans, Clepsydra de Camilo Pessanha e Murphy de Samuel Beckett. Os contributos de cada elemento literário são divergentes e o objectivo é o de preparar um discurso estético acerca da sorte. A literatura comprovará que o desvio pode constituir um contributo empírico para mudanças de paradigma a respeito do modo como estas experiências são vistas como desviantes; nesta medida, é uma sorte cair na decadência.
CV
Tiago Clariano é aluno de doutoramento no Programa em Teoria da Literatura da Universidade de Lisboa. Licenciou-se em Literaturas e Artes na Universidade de Évora em 2015 e concluiu mestrado no Programa em Teoria da Literatura em 2018 com a tese A «Clepsydra» Libertada. Em 2017 foi professor de Inglês no Agrupamento de Escolas Gil Eanes em Lagos e, durante o ano lectivo de 2017/2018, foi leitor de Português na Université Hassan 1er em Settat, Marrocos. Os seus interesses variam entre as áreas da Teoria Literária, da Estética e da Semiótica.
A sorte de cair na Decadência
Esta comunicação pretende contribuir para uma discussão da intervenção do acaso na literatura decadentista. Algumas ideias partem de pressupostos estatísticos ou probabilísticos, como a ideia de moda (à qual se podem associar as normas sociais) e de desvio padrão (de que a literatura decadentista é agente). Se os decadentistas, pelo seu comportamento não devem ser tomados por role-models sociais, então desviam-se de um padrão pressuposto e os resultados das suas experiências desviantes não se configuram como moda, mas como desvio. Nesta comunicação vai falar-se d’As Flores do Mal de Charles Baudelaire, da conclusão ao estudo acerca do renascimento de Walter Pater e referir-se as obras The picture of Dorian Grey de Oscar Wilde, À Rebours de Joris-Karl Huysmans, Clepsydra de Camilo Pessanha e Murphy de Samuel Beckett. Os contributos de cada elemento literário são divergentes e o objectivo é o de preparar um discurso estético acerca da sorte. A literatura comprovará que o desvio pode constituir um contributo empírico para mudanças de paradigma a respeito do modo como estas experiências são vistas como desviantes; nesta medida, é uma sorte cair na decadência.
CV
Tiago Clariano é aluno de doutoramento no Programa em Teoria da Literatura da Universidade de Lisboa. Licenciou-se em Literaturas e Artes na Universidade de Évora em 2015 e concluiu mestrado no Programa em Teoria da Literatura em 2018 com a tese A «Clepsydra» Libertada. Em 2017 foi professor de Inglês no Agrupamento de Escolas Gil Eanes em Lagos e, durante o ano lectivo de 2017/2018, foi leitor de Português na Université Hassan 1er em Settat, Marrocos. Os seus interesses variam entre as áreas da Teoria Literária, da Estética e da Semiótica.
ZHIHUA HU / MARIA TERESA ROBERTO
(Univ. Aveiro)
Introdução e Tradução das Obras de Mo Yan em Países Lusófonos e a Tradução das Palavras Culturais na obra “Mudança” de Mo Yan
As culturas variam entre países, daí resultam palavras com associações marcadamente culturais; estas palavras culturais, como elementos significativos e identitários da língua, refletem imagens enraizadas em diferentes culturas, daí a sua tradução constituir uma tarefa difícil. Como as palavras culturais estão, geralmente, ligadas às imagens de certa cultura, as estratégias tradutórias afetam muito a transmissão destas imagens noutra cultura: a Domesticação traz o texto para a cultura da língua-alvo e a Estrangeirização traz os leitores para a cultura exótica da língua-fonte. Dado isso, para a mesma imagem cultural, ao adotarem-se diferentes posturas tradutórias, obtêm-se apreciações diferentes dos leitores. Sob a perspetiva comparatista, essas diferentes abordagens tradutórias podem comparar-se para discutir a sua adequação à obra em questão, considerando que é provável não existir uma melhor. Neste trabalho, exploraremos a tradução das obras do Mo Yan nos países lusófonos e analisaremos as estratégias de Amilton Reis na tradução das palavras culturais da obra “Mudança”. As traduções serão analisadas com base nas estratégias Domesticação e Estrangeirização de Venuti (1995); sob a perspetiva comparatista, procuraremos identificar estas abordagens na tradução, para responder à pergunta: Nesta obra, onde palavras culturais têm um papel central à fruição, que postura tradutória foi preferida pelo tradutor?
CVs
Zhihua Hu: Doctoral student in Translation and Terminology at the Department of Languages, Literature and Culture of the University of Aveiro; Doctoral investigator of the Center of Languages, Literature and Culture (CLLC) of the same University.
Maria Teresa Roberto: Auxiliary Professor at the Department of Languages, Literature and Culture of the University of Aveiro; Integrated researcher of the Center for Languages, Literature and Culture (CLLC) of the same University; Director of the Doctoral Program in Translation and Terminology.
Introdução e Tradução das Obras de Mo Yan em Países Lusófonos e a Tradução das Palavras Culturais na obra “Mudança” de Mo Yan
As culturas variam entre países, daí resultam palavras com associações marcadamente culturais; estas palavras culturais, como elementos significativos e identitários da língua, refletem imagens enraizadas em diferentes culturas, daí a sua tradução constituir uma tarefa difícil. Como as palavras culturais estão, geralmente, ligadas às imagens de certa cultura, as estratégias tradutórias afetam muito a transmissão destas imagens noutra cultura: a Domesticação traz o texto para a cultura da língua-alvo e a Estrangeirização traz os leitores para a cultura exótica da língua-fonte. Dado isso, para a mesma imagem cultural, ao adotarem-se diferentes posturas tradutórias, obtêm-se apreciações diferentes dos leitores. Sob a perspetiva comparatista, essas diferentes abordagens tradutórias podem comparar-se para discutir a sua adequação à obra em questão, considerando que é provável não existir uma melhor. Neste trabalho, exploraremos a tradução das obras do Mo Yan nos países lusófonos e analisaremos as estratégias de Amilton Reis na tradução das palavras culturais da obra “Mudança”. As traduções serão analisadas com base nas estratégias Domesticação e Estrangeirização de Venuti (1995); sob a perspetiva comparatista, procuraremos identificar estas abordagens na tradução, para responder à pergunta: Nesta obra, onde palavras culturais têm um papel central à fruição, que postura tradutória foi preferida pelo tradutor?
CVs
Zhihua Hu: Doctoral student in Translation and Terminology at the Department of Languages, Literature and Culture of the University of Aveiro; Doctoral investigator of the Center of Languages, Literature and Culture (CLLC) of the same University.
Maria Teresa Roberto: Auxiliary Professor at the Department of Languages, Literature and Culture of the University of Aveiro; Integrated researcher of the Center for Languages, Literature and Culture (CLLC) of the same University; Director of the Doctoral Program in Translation and Terminology.